terça-feira, dezembro 24, 2024

Justin Trudeau Enfrenta Pressão Interna para Deixar o Cargo


O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, cujo partido parece estar em vias de perder o poder no início do próximo ano, está enfrentando uma crescente pressão de seus próprios legisladores para que renuncie e deixe o cargo para outra pessoa.

Após mais de nove anos no poder, os liberais enfrentam uma dura derrota nas próximas eleições, em grande parte devido ao cansaço dos eleitores e à indignação com os altos preços e a crise imobiliária.

De acordo com a radiotelevisão canadense, mais de 50 parlamentares liberais de Ontário — a província mais populosa das 10 do país e principal reduto do partido — se reuniram no sábado e concordaram que Trudeau deve renunciar.

“Não há mais alternativa senão a mudança de liderança agora”, afirmou a deputada liberal Chandra Arya, tradicionalmente leal a Trudeau, à CBC no domingo. Até sexta-feira, apenas 18 legisladores haviam exigido publicamente a renúncia.

Na semana passada, Trudeau sofreu dois golpes importantes: a renúncia da ministra da Economia, Chrystia Freeland, em meio a uma disputa política sobre gastos, e todos os partidos de oposição anunciaram que se uniriam para derrubar o governo, que está em minoria.

Se Trudeau renunciar e o partido tiver tempo para escolher um novo líder permanente, entre os possíveis candidatos estão Freeland, a ministra das Relações Exteriores, Melanie Joly, o ministro da Inovação, François-Philippe Champagne, e o ex-presidente do Banco Central, Mark Carney.

No entanto, Trudeau não tem intenção de sair tão cedo. O jornal Globe and Mail, citando uma fonte liberal, informou que o primeiro-ministro passará o Natal com sua família antes de tirar férias para esquiar na província da Colúmbia Britânica, na costa do Pacífico.

Os partidos de oposição afirmam que, como Trudeau tem os dias contados e o próximo governo dos Estados Unidos promete impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações canadenses, o país precisa de eleições imediatas para formar um governo estável.

As pesquisas indicam que os liberais seriam esmagados pelos conservadores em uma eleição.

No domingo, Trudeau reorganizou seu governo, nomeando oito novos ministros e redistribuindo as competências entre outros quatro membros do gabinete.

A decisão ocorreu em um contexto de crescente pressão política, acentuada pelo anúncio do Novo Partido Democrático (NPD), liderado por Jagmeet Singh, de apresentar uma moção de censura contra o primeiro-ministro.

A reorganização ministerial ocorreu dias após a renúncia de Freeland. Sua saída, considerada uma figura-chave no gabinete, expôs as fissuras internas na equipe de Trudeau.

Uma fonte do governo informou ao canal CBC News que essa remodelação não implica necessariamente que o primeiro-ministro tenha tomado uma decisão sobre sua continuidade no cargo, mas confirmou que Trudeau está “refletindo” sobre sua posição no cenário político atual.

Justin Trudeau enfrenta o maior desafio de sua carreira desde que assumiu o cargo em 2015. A combinação de conflitos internos, como a saída de Freeland, e as críticas externas, tanto do NPD quanto do Bloque Quebequês, coloca-o em uma posição vulnerável.

Embora seu partido liberal ainda controle o poder, o cenário político aponta para um ano cheio de incertezas que podem redefinir o panorama político canadense.

As próximas semanas serão cruciais para determinar se Trudeau conseguirá recuperar o apoio necessário para se manter no poder ou se, ao contrário, cederá espaço para uma mudança política impulsionada pelas forças opositoras.

 (Com informações da Reuters)

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