Cidadania denuncia MDB de Rio das Ostras por fraude na cota de gênero nas eleições municipais | Rio das Ostras Jornal

Cidadania denuncia MDB de Rio das Ostras por fraude na cota de gênero nas eleições municipais

Justiça Eleitoral analisa o caso. Foto: Divulgação

Partido acusa legenda de usar candidaturas femininas fictícias para cumprir exigência legal, favorecendo eleitos e desrespeitando as mulheres na composição da chapa.

O Partido Cidadania de Rio das Ostras protocolou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) do município, apontando irregularidades relacionadas à cota de gênero nas eleições municipais de 2024. Segundo a denúncia, o partido teria lançado candidatas fictícias apenas para atender ao requisito legal de participação mínima de mulheres na chapa, prática que pode configurar fraude eleitoral.

De acordo com a acusação, a suposta manobra teria beneficiado diretamente os candidatos eleitos pelo MDB: Roberto de Oliveira Gomes, conhecido como Robinho; Claudio Miranda, o Claudio da Farmácia; e Leandro de Almeida. As candidatas em questão seriam Janine Monteiro e Vitória Eyshila dos Santos, que tiveram desempenhos eleitorais considerados insignificantes, com apenas 4 e 8 votos, respectivamente.

A denúncia ainda reforça que ambas as candidatas não atuaram efetivamente em campanha. Janine Monteiro, por exemplo, não teria realizado qualquer ação de divulgação, tampouco solicitado votos nas redes sociais, onde não há menção ao seu número de candidatura (15.010). Já Vitória Eyshila (15.456) utilizou suas plataformas apenas para promover o ex-candidato à prefeitura Carlos Augusto Balthazar, do Partido Liberal (PL).

Discriminação contra mulheres na chapa

O Cidadania também destacou o aparente desprestígio reservado às candidaturas femininas por parte do MDB, que teria destinado recursos financeiros desproporcionais às mulheres na comparação com os candidatos homens.

Enquanto os candidatos do sexo masculino receberam entre R$ 320 e R$ 1.600 para despesas com contabilidade e material de campanha, as candidatas Janine e Vitória Eyshila tiveram acesso a apenas R$ 160 cada. Segundo o partido denunciante, esse fato representa um grave desrespeito às mulheres que participaram da chapa.

Além disso, foi apontada a inexistência de materiais de campanha consistentes para as candidatas envolvidas na denúncia. De acordo com a AIJE, os materiais entregues às mulheres se limitavam a uma peça gráfica digital simples (uma “arte”), sem fotos, dados relevantes ou qualquer evidência de produção física. Não há indícios de que santinhos ou outros materiais tenham sido distribuídos aos eleitores — algo que, segundo o Cidadania, reforça o caráter fictício das candidaturas.

Irregularidades financeiras

A denúncia ainda aponta inconsistências graves na prestação de contas, com destaque para a movimentação financeira declarada pela candidata Jannyne Seixas, que registrou o valor de R$ 28.531. Esse montante supera de forma significativa os valores declarados pelos candidatos eleitos pelo MDB, que receberam votações expressivas — todos acima de mil votos.

O Cidadania questiona a origem e o uso dos recursos registrados por Jannyne, uma vez que não foram apresentados documentos comprobatórios, como contratos ou registros de serviços prestados. Não há também imagens ou registros de ações de campanha que justifiquem o valor elevado.

Alegações de “candidaturas fictícias”

A acusação do Cidadania conclui que as mulheres da chapa do MDB de Rio das Ostras foram utilizadas como “candidaturas fictícias” ou “trampolins” para assegurar o cumprimento formal da legislação eleitoral, que exige a reserva legal mínima de 30% de vagas para cada gênero.

Segundo o partido denunciante, as candidaturas de Janine Monteiro e Vitória Eyshila foram lançadas apenas para viabilizar a aprovação da chapa, enquanto o foco principal estava nos candidatos masculinos: Robinho, Claudio da Farmácia e Leandro Almeida.

Possíveis penalidades legais

Caso a Justiça Eleitoral reconheça a prática de fraude na cota de gênero, o MDB de Rio das Ostras e seus candidatos eleitos poderão enfrentar graves sanções, conforme estipulam o Código Eleitoral e a legislação em vigor. Entre as possíveis punições estão:

  1. Cassação dos diplomas dos eleitos: Caso seja constatado que a chapa foi beneficiada indevidamente, os mandatos dos candidatos do MDB poderão ser anulados.
  1. Inelegibilidade: Envolvidos direta ou indiretamente na fraude, caso comprovado que anuíram com a irregularidade, poderão ser declarados inelegíveis para disputar futuras eleições.
  1. Anulação dos votos para a sigla: Com o cancelamento dos votos totalizados pelo partido, será necessária uma recontagem dos quocientes eleitoral e partidário. Isso pode alterar a composição da Câmara Municipal, redistribuindo vagas a outras legendas ou coligações.

Justiça Eleitoral analisa o caso

A denúncia protocolada pelo Cidadania agora será analisada pela Justiça Eleitoral, que deverá avaliar as provas apresentadas e apurar os fatos relacionados à suposta fraude.

Até o momento, o MDB de Rio das Ostras não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.

Por: Cezar Guedes/Jornal dos Municípios

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