As Forças de Defesa de Israel (FDI) alegam que o Hamas está dificultando ativamente os esforços de evacuação de civis no norte da Faixa de Gaza, especialmente na região de Jabaliya, onde estão ocorrendo operações militares contra alvos terroristas.
De acordo com um comunicado das
FDI, o Hamas está tentando se reorganizar e reconstituir suas forças em
Jabaliya, levando o exército israelense a instar os civis a evacuarem a área
por sua própria segurança. No entanto, as FDI afirmam que o Hamas está
impedindo que os residentes de Gaza atendam a esses chamados.
“O Hamas está nos agredindo, impedindo nossa
evacuação e forçando-nos a voltar da área humanitária”, declarou um residente
de Gaza em conversa com um representante das FDI, segundo informações do
exército israelense.
Essa conversa, divulgada pelas
FDI, oferece um vislumbre da difícil situação enfrentada pelos civis que estão
presos no meio do conflito. O gazatense descreveu como, ao tentar seguir as
instruções do exército para se dirigir a Al-Mawasi, uma zona designada como
área humanitária, se depararam com resistência violenta: “O problema é que
quando seguimos as instruções do exército e tentamos ir para Al-Mawasi, há
pessoas que saem contra nós e começam a nos agredir, dizendo ‘voltem, voltem’”,
relatou o residente. “O que devemos fazer? Queremos ir embora. Pegamos nossos
pertences e queríamos sair, e agora nos batem e nos dizem para voltar para
casa. O que devemos fazer?”
Quando o representante das FDI
perguntou especificamente quem era responsável por esses atos, o gazatense
respondeu sem hesitar: “Hamas, Hamas, eles sim, sim. Não param de nos agredir,
não param de nos agredir e nos fazer voltar.”
Esse testemunho surge em um
momento de intensa atividade militar na região. A Divisão 162 das FDI está
atualmente realizando operações contra alvos terroristas do Hamas na área de
Jabaliya. O exército israelense estabeleceu rotas humanitárias designadas para
que os civis possam evacuar em direção a Al-Mawasi, uma área expandida que foi
designada como área humanitária.
As FDI afirmam que estão fazendo
todo o possível para afastar os civis do campo de batalha, enquanto acusam o
Hamas de fazer exatamente o oposto, mantendo a população na linha de fogo. Essa
tática, segundo fontes militares israelenses, faz parte da estratégia do Hamas
de usar civis como escudos humanos, uma prática amplamente condenada pela
comunidade internacional.
O conflito atual, que começou em
7 de outubro de 2023 com um ataque do Hamas ao sul de Israel, resultou em uma
devastadora campanha militar israelense em Gaza. De acordo com o Ministério da
Saúde de Gaza, mais de 42.000 palestinos morreram, embora essas cifras não
façam distinção entre combatentes e civis. Israel, por sua vez, sustenta que o
ataque inicial do Hamas resultou em cerca de 1.200 mortes, principalmente de
civis, e no sequestro de cerca de 250 reféns.
A situação humanitária em Gaza se
deteriorou significativamente desde o início do conflito. Aproximadamente 90%
da população de Gaza, estimada em 2,3 milhões de pessoas, foi deslocada, muitos
deles múltiplas vezes. Grandes áreas do território costeiro estão completamente
destruídas, e a escassez de alimentos, água e suprimentos médicos é crítica.
Israel ordenou a evacuação de
toda a população restante do terceiro norte de Gaza, estimada em cerca de
400.000 pessoas, para o sul. No entanto, não permitiu a entrada de alimentos no
norte desde o início do mês, gerando preocupações sobre uma possível crise
humanitária ainda mais grave.
Organizações de direitos humanos
israelenses, incluindo B’Tselem, Gisha, Yesh Din e Médicos por Direitos
Humanos-Israel, fizeram um apelo à comunidade internacional para prevenir o que
consideram uma estratégia de “rendição ou inanição” por parte de Israel. Essas
organizações alertam que há “sinais alarmantes” de que Israel pode estar
começando a implementar um plano que implicaria ordenar a todos os civis que
abandonem o norte de Gaza e rotular qualquer um que permaneça lá como
combatente, uma estratégia que, segundo afirmam, violaria o direito
internacional.
Enquanto isso, o conflito ameaça
se expandir regionalmente. Israel também está realizando uma guerra aérea e
terrestre no sul do Líbano contra o grupo terrorista Hezbollah, aliado do
Hamas, que tem lançado foguetes em direção ao norte de Israel há mais de um
ano. Além disso, Israel ameaçou atacar o Irã em retaliação por um ataque com
mísseis balísticos, aumentando a possibilidade de uma guerra regional em grande
escala.
A comunidade internacional
continua fazendo apelos por um cessar-fogo e uma solução negociada para o
conflito, mas até agora, esses esforços não resultaram em resultados concretos.
Enquanto isso, a população civil de Gaza continua suportando o peso dessa
guerra prolongada, presa entre as operações militares israelenses e as táticas
do Hamas.
Gazeta Brasil
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