Fiocruz identifica ratos infectados por meningite transmitida por caramujo | Rio das Ostras Jornal

Fiocruz identifica ratos infectados por meningite transmitida por caramujo


Como parte da 2ª etapa da investigação sobre um caso de meningite eosinofílica que resultou em óbito em abril em Nova Iguaçu, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) retornaram à área para coletar e analisar roedores.

A primeira fase da pesquisa identificou o verme Angiostrongylus cantonensis, responsável pela doença, em caramujos aquáticos e terrestres. Contudo, para concluir o estudo, era essencial verificar a presença do verme em roedores, que são hospedeiros intermediários no ciclo de transmissão.

O ciclo de transmissão do verme se inicia quando caramujos eliminam larvas que infectam roedores. Dentro desses animais, o verme se desenvolve até a forma adulta, produzindo ovos e novas larvas que são excretadas e posteriormente ingeridas por outros caramujos, perpetuando o ciclo.

Durante a segunda fase da investigação, foram capturados quinze pequenos mamíferos na área afetada, incluindo dez ratos da espécie *Rattus norvegicus*, três gambás e duas preás. A infecção pelo verme foi confirmada em cinco dos ratos capturados. A pesquisa foi conduzida pelo Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do IOC/Fiocruz, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde.

Os resultados indicam que o ciclo completo da doença está estabelecido na região. Paulo D’Andrea, coordenador do Laboratório de Referência Nacional em Taxonomia e Diagnóstico de Reservatórios Silvestres das Leishmanioses, destacou a alta taxa de infectividade encontrada em ratos, evidenciando o risco para a população local. Michele dos Santos, coordenadora adjunta do mesmo laboratório, ressaltou a necessidade de medidas de controle, como a redução da população de roedores e melhorias na coleta de lixo e esgoto.

Para combater a infestação de caramujos, recomenda-se a coleta manual do caramujo gigante africano (*Achatina fulica*), utilizando proteção adequada. Além disso, é crucial educar a população sobre a prevenção da infecção, como evitar o consumo de caramujos crus ou malcozidos e higienizar corretamente frutas e verduras.

A meningite eosinofílica, causada pelo verme, provoca inflamação das meninges e pode levar a sintomas como dor de cabeça, rigidez no pescoço, febre e distúrbios visuais. Embora a maioria dos casos se resolva espontaneamente, o acompanhamento médico é fundamental para evitar complicações graves.

A investigação incluiu a instalação de armadilhas e análises laboratoriais para identificar as espécies envolvidas e garantir a biossegurança. Todos os resultados foram reportados às autoridades de saúde competentes, que seguem monitorando a situação.

Gazeta Brasil

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