Policiais cumprem 11 mandados
de busca e apreensão em SP, MG e RJ. CBF recebeu relatório de empresa sobre
suposto 'conhecimento prévio' de apostadores sobre o resultado.
Policiais federais cumprem 11
mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (26) em uma operação que
investiga possível manipulação de resultado em uma partida de futebol da série
D do Campeonato Brasileiro.
A Polícia Federal não divulgou os
nomes dos alvos, e nem detalhes sobre os times e a data da partida sob
investigação.
A TV Globo apurou que a
investigação é sobre uma partida entre Inter de Limeira e Patrocinense,
no último dia 1º. O jogo foi disputado em Limeira, e o Inter venceu o
Patrocinense por 3 a 0.
Segundo a PF, há indícios de
que apostadores tinham "conhecimento prévio de que determinada equipe
viria a perder o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols".
Os mandados foram autorizados
pela Justiça de São Paulo e são cumpridos nas cidades de Patrocínio (MG), São
José do Rio Preto (SP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Tanguá (RJ) e Nova
Friburgo (RJ).
Segundo investigadores, os alvos
incluem jogadores, empresário e o técnico que comandava o Patrocinense na época
da partida. Há, também, buscas na sede do time em Patrocínio.
Até esta terça, o
Patrocinense ocupava
a lanterna do grupo A7 da série D do Brasileirão – 1 vitória, 2 empates
e 7 derrotas nos 10 jogos disputados.
Ofício da Sportradar alertou
CBF
Segundo a Polícia Federal, a
investigação começou após um ofício da Sportradar à Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) com uma suspeita identificada.
A multinacional, com sede na
Suíça, desenvolve tecnologias para ajudar federações a identificarem fraudes
esportivas. A SportRadar e a CBF têm um protocolo de entendimento assinado para
colaborar na investigação desses casos.
Segundo o relatório da
Sportradar, a movimentação nas casas de aposta dava a entender que os
apostadores tinham conhecimento prévio de detalhes da partida – por exemplo,
que o time visitante (no caso, o Patrocinense) terminaria o primeiro tempo em
desvantagem.
O "total de gols no primeiro
tempo" é uma das variáveis em que um cliente das bets pode apostar,
geralmente. No caso dessa partida, a aposta na derrota do Patrocinense foi
quase unânime.
"De acordo com a empresa,
99% da tentativa da rotatividade no mercado de 'totais de gols do primeiro
tempo' nesta partida foi para tal resultado", diz o material da PF.
"Durante a partida, verificou-se
que a equipe visitante sofreu três gols ainda no primeiro tempo, sendo um deles
contra", detalha o material divulgado.
Pena pode chegar a seis anos
De acordo com as informações
preliminares da PF, uma empresa de agenciamento de jogadores está sendo investigada.
Ela teria firmado
"parceria" com o Patrocinense para que seus atletas fossem
contratados pelo time. Agora, a PF quer saber se a suposta manipulação de
resultados existiu, e se foi negociada no contexto dessa parceria.
Se o esquema for confirmado, os
envolvidos podem responder pelos chamados "crimes contra a incerteza do
resultado esportivo", previstos na Lei Geral do Esporte. A pena varia de
dois a seis anos de reclusão.
A PF diz atuar no caso com
"autorização expressa do Ministro da Justiça e Segurança Pública, tendo em
vista a repercussão nacional do caso, que exige repressão uniforme".
Por Fábio Amato, TV
Globo — Brasília
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