O especialista Alexandre Pinto,
vice-presidente de TI do Flamengo, ensina como se prevenir de nova onda de
crimes
A tecnologia chega para todos, e
com a inteligência
artificial não é diferente. Desde 2022 o número de golpes cibernéticos vem
crescendo no mundo com a intensificação do uso da IA. Segundo pesquisa do Deep
Instinct, os consumidores americanos notaram um aumento considerável de
ataques, sendo que três a cada quatro entrevistados relataram tentativas de
crime. De acordo com a Federal Trade Commission (FTC), agência do governo que
investiga contratos comerciais e dados fiscais de empresas e pessoas físicas,
foi registrado um prejuízo de quase US$ 9 milhões com golpes financeiros, ou
seja, esse número foi 30% maior que o registrado em 2021. Para Alexandre Pinto,
CEO da Diferenciall Tecnologia e Consultoria em Segurança Digital e
vice-presidente de TI do Flamengo, esses números, infelizmente, só tendem a
crescer. “Com o avanço cada vez mais intenso e veloz de tecnologias de IA,
tornou-se possível a criação de imagens, áudios e vídeos cada vez mais
realistas. Desta forma, pessoas mal-intencionadas têm praticado muitos golpes. Tem
sido comum, inclusive, vermos reclamações de famosos lesados através da
circulação de vídeos falsos de propaganda de produtos para os quais não foram
contratados”, detalha o especialista ao relatar um dos golpes.
Da propaganda não autorizada ao
desvio de recursos sem autorização ou com falso acesso a dados online, cada vez
mais temos notícias de fraudes realizadas a partir de IA em diversas
instituições, mas, principalmente, nas financeiras onde criminosos buscam de
forma mais rápida obter recursos financeiros alheios. “É nítido o aumento desse
tipo de crime e me arrisco em dizer que foi formada uma nova quadrilha de
criminosos, que age sem armas nas mãos, mas com acesso a muita informação
espalhada principalmente através das redes sociais”,
alerta Alexandre. De acordo com o consultor, as ferramentas de IAs generativas
conseguem aprender e criar a partir de áudios e vídeos existentes, por exemplo,
novos conteúdos não autorizados e, claro, não produzidos pela pessoa envolvida.
“Uma das formas de se prevenir seria não fazer publicações abertas, para
público desconhecido, o que é praticamente inviável no mundo atual, para muitas
pessoas. A clonagem do rosto de uma pessoa é feita através de uma ferramenta
específica de IA que consegue ler, analisar e mapear toda a imagem capturada na
foto e/ou vídeo. É bem difícil evitar esse tipo de fraude tendo em vista que
nos dias de hoje muitas fotos estão disponíveis em redes sociais ou
simplesmente na identificação do contato no celular”, ressalta.
Para Emerson Tauyl, advogado
criminalista especializado em segurança pública, a principal arma que as
pessoas têm contra os golpistas é a atenção. “É preciso deixar de fazer as
tarefas no automático e desconfiar de ligações, mensagens e notificações estranhas,
o tempo todo. Infelizmente vivemos tempos sombrios em que não estamos mais
seguros nem dentro de nossas próprias casas com nossas famílias, nem em
ambiente virtual algum. É preciso estar sempre alerta porque, senão, o preço a
pagar pela desatenção é imensurável.” O especialista Alexandre Pinto concorda
com o colega e ainda complementa. “Primeiro de tudo é preciso checar se a
comunicação recebida (e-mail, SMS, ligação) é de uma fonte confiável. Mesmo que
conheça o contato, evite clicar em links enviados. Verifique se o remetente tem
exatamente o mesmo nome que está no seu cadastro. Muitas vezes, fraudadores
mudam apenas uma letra do nome correto com o objetivo de enganar”. E continua:
“Em geral, os links recebidos por SMS são de fraudadores. Exceção é receber um
SMS com link verdadeiro se você estiver realmente fazendo uma verificação em
duas etapas ou algo do tipo. Mas pecar pelo excesso nunca é demais”.
As instituições financeiras são
as mais visadas pelos fraudadores para cometimento de golpes, sendo que os
bancos em geral investem massivamente em tecnologias de segurança da informação
e privacidade, além de programas de conscientização e treinamento. “Essa
atitude de prevenção deveria ser usual não só no meio financeiro, como
empresarial, em geral. Em minha opinião, todas as empresas deveriam ter também,
independentemente do porte e segmento, um setor que se preocupasse com fraudes
e ensinasse os colaboradores a se prevenir disso”, destaca Pinto. De acordo com
pesquisas, o público mais visado pelos criminosos é o de pessoas idosas. “É
muito importante que todos os clientes e usuários do banco também tenham
cuidado na utilização dos aplicativos bancários que ficam nos celulares e
computadores. Temos visto que as pessoas mais velhas têm sido os
principais alvos dos fraudadores, já que possuem, em geral, maior dificuldade
de acompanhar os avanços da tecnologia.”
Por Renata Rode*
*Especial para a Jovem Pan


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