Animal ficou em uma praça de
Macuco (RJ), sem comida e sem bebida, até despencar da árvore onde estava, de
tanta fraqueza. 'Eu resolvi filmar isso aqui, porque estou muito decepcionada e
triste!', disse Dra. Josiane Abreu.
Tristeza e decepção são os
sentimentos que levaram a veterinária, Dra. Josiane Leitão Abreu, a gravar um
vídeo segurando um macaco bugio, ameaçado de extinção, morto nas mãos. Quando
ela teve acesso ao animal, que
agonizou por dez dias até despencar da árvore onde estava, em uma praça na
cidade de Macuco
(RJ), já não dava mais tempo de salvá-lo.
"Foi pedida ajuda a vários
órgãos, ao Inea, Corpo de Bombeiros, e o animal estava na árvore, lá no topo,
sem água e sem comida, esses dias todos, ao ponto de cair de tanta
fraqueza", lamenta a veterinária.
Macaco bugio caiu de árvore e
morreu após 10 dias à espera de resgate em Macuco
O caso também revoltou os
moradores, que tiveram que assistir o bugio, que era macho, definhando sem que
nenhuma das autoridades acionadas conseguisse resgatá-lo.
"Coitado, ele tá bem
magrinho já. Ele não desce pra comer, não bebe água, não faz nada", disse
a comerciante Amanda Badini enquanto o animal ainda estava na árvore.
Os moradores contaram que, além
de estar sem se alimentar, o bicho ainda havia sofrido uma descarga elétrica ao
passar de um poste para outro.
"Já chegou muito mal, muito
desidratado, muito magro, infelizmente não deu tempo da gente salvar. Então,
fica aqui o apelo para as pessoas terem mais cuidado com a nossa natureza, com
os animais, porque a gente depende disso pra respirar, pra sobreviver",
desabafa Dra Josiane.
A Secretaria de Meio Ambiente do
Município chegou a isolar a área e colocar uma placa pedindo aos moradores para
não alimentarem o animal, e disse que fez todos os acionamentos para tentar
resgatar o macaco.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) explicou, em nota, que apesar do resgate ser de competência do Ibama, esteve no local e ainda buscava um meio de resgatá-lo. Porém, o Ibama respondeu ao g1, que em área urbana, o resgate de animais silvestres é realizado por órgãos municipais e estaduais.
Macaco chegou na praça em Macuco
na última segunda-feira (6), de acordo com os moradores, e já estava magro e
debilitado — Foto: Reprodução/Inter TV
Confira a explicação de cada
autoridade:
Inea
O Instituto Estadual do
Ambiente (Inea) informa que, conforme preconiza a Lei Complementar 140/2011, o
resgate de animais silvestres em vida livre cabe ao Ibama. Ainda assim, o Inea,
após ser acionado por moradores, esteve no local e constatou que, para efetuar
o resgate do macaco bugio, seria necessária a utilização de medicamento
tranquilizante por meio de disparo de um dardo a ser realizado por um
profissional especializado, a fim de garantir a segurança e o bem estar do
animal. Os técnicos estavam se mobilizando para efetuar a captura do animal a
partir dessa metodologia, mas o animal veio a óbito antes do retorno da equipe
do Inea.
Ibama
O resgate de animais
silvestres presentes em ambientes urbanos é realizado pelo Batalhão Ambiental
da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e órgãos estaduais e municipais do meio
ambiente. O Ibama é acionado em caráter supletivo quando o resgate apresenta maior
complexidade, como no caso de grandes felinos. Os animais resgatados são
encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), para
tratamento, recuperação e reabilitação desses animais com o objetivo de
atingirem condições físicas.
Corpo de Bombeiros
O g1 aguarda uma
posição do órgão.
Secretaria de Meio Ambiente
O Secretário de Meio Ambiente,
Firmo Daflon, disse na terça-feira (14) que a Prefeitura estava acompanhando o
caso e que o animal seria resgatado ainda nesta semana. Mas o resgate não
chegou a tempo.
"Já contactamos o Inea,
já fizeram contato com o pessoal do parque do Desengano. Estiveram no local
vendo o animal e vão retornar para fazer a remoção adequada dele. Por se tratar
de um animal que está em extinção, os procedimentos devem ser adotados todos
dentro da técnica para levá-lo para um centro de triagem após a triagem para
saber se ele tem condições de ser solto na natureza", disse o secretário
na terça-feira.
Nesta quinta, após a morte do
animal, o secretário disse que foram tomadas todas as medidas por parte da
Prefeitura, desde a comunicação ao Inea até a entrega do animal - depois de
morto.
O corpo do macaco foi levado para
a sede do Parque Estadual do Desengano, em Santa Maria Madalena, para os
procedimentos padrões e legais, conforme foi solicitado pelo Inea à Prefeitura.
Por Ariane Marques, Rodrigo
Marinho, Barney Campos e João Vitor Brum, g1 — Região Serrana
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