Após denúncias de assédio sexual,
economista nega acusações; nova presidente é braço-direito de Guedes
O presidente da Caixa Econômica
Federal, Pedro
Guimarães, oficializou, em carta, o pedido de demissão nesta
quarta-feira (29), após ser alvo de acusações
de assédio sexual por parte de funcionárias do banco. Na carta,
Guimarães nega que tenha cometido os atos dos quais foi acusado e afirma que
deixa o comando da estatal para evitar que a instituição ou o governo sejam
alvos de rancor em um ano eleitoral. “As acusações não são verdadeiras e não
refletem a minha postura profissional nem pessoal. Tenho a plena certeza de que
estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e
isenta. Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um
alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de
colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade
absoluta a Caixa, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me
afastar neste momento.” A
substituta dele já foi escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro:
será Daniella
Marques Consentino, que é o braço direito do ministro Paulo Guedes e
ocupa a equipe econômica do governo desde 2019. Confira abaixo a
íntegra da carta.
A acusação revelada pelo portal
“Metrópoles”, na terça-feira, 28, reuniu relatos de cinco vítimas com gravações
que detalham os assédios cometidos por Guimarães no ambiente de trabalho. As
mulheres relataram abordagens inadequadas, convites incompatíveis para a
relação entre o presidente e as funcionárias e toques íntimos não consentidos.
Uma delas disse: “Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha
bunda. Literalmente isso”. De acordo com a reportagem, o Ministério Público
Federal investiga o suposto crime de assédio sexual contra funcionárias.
Daniella Marques, escolhida como
nova presidente da Caixa Econômica Federal ocupa atualmente o cargo de
secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da
Economia. A mudança no comando da estatal foi oficializado após publicação no
Diário Oficial da União nesta quarta-feira, 29. A Jovem Pan entrou
em contato com a Caixa, mas não obteve resposta. Em nota enviada ao
“Metrópoles”, o banco disse não ter conhecimento sobre o caso. “A Caixa não tem
conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo. […] A Caixa possui,
ainda, canal de denúncias, por meio do qual são apuradas quaisquer supostas
irregularidades atribuídas à conduta de qualquer empregado, independente da
função hierárquica, que garante o anonimato, o sigilo e o correto processamento
das denúncias”, informa o comunicado.
Confira abaixo a íntegra da carta
de Pedro Guimarães:
“À população brasileira e, em
especial, aos colaboradores e clientes da CAIXA:
A partir de uma avalanche de
notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu
casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes
que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel,
injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.
Foi indicada a existência de
um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando
apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente
investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem
diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me
manifestar.
Ao longo dos últimos anos,
desde a assunção da Presidência da CAIXA, tenho me dedicado ao desenvolvimento
de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo
como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança
feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações
respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia.
Como resultados diretos, além
das muitas premiações recebidas, a CAIXA foi certificada na 6ª edição do Programa
Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH), além também de ter recebido o selo de Melhor Empresa
para Trabalhar em 2021 – Great Place To Work, por exigir de seus agentes e
colaboradores, em todos os níveis, a observância dos pilares Credibilidade,
Respeito, Imparcialidade e Orgulho.
Essas são apenas algumas das
importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do
respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o
melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.
Na atuação como Presidente da
CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e
qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações. A
ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do
merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de
pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.
As acusações noticiadas não
são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a
minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas
acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.
Todavia, não posso prejudicar
a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano
eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio
de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de
colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo
de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe
que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que
sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Junto-me à minha família para
me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo
daqueles que não temem o que não fizeram.
Por fim, registro a minha
confiança de que a verdade prevalecerá.
Pedro Guimarães”
Por Jovem Pan
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