Jairo perdeu mandato de vereador.
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Preso pela
morte do enteado Henry Borel, ele é o primeiro parlamentar a ser cassado na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Por unanimidade, Jairo Santos Souza Junior, conhecido como Dr. Jairinho, teve o mandato cassado em votação na Câmara Municipal do Rio nesta quarta-feira (30). Ele se tornou o primeiro vereador a perder o cargo na história do Rio.
A decisão foi tomada
por quebra de decoro do agora ex-parlamentar, que está preso acusado pela morte
do enteado Henry Borel, de 4 anos.
De forma breve,
o vereador Luiz Ramos Filho (PMN) leu o relatório aprovado por unanimadade, na segunda (28), pelo
Conselho de Ética da Câmara.
Por unanimidade, vereadores votaram pela cassação. REPRODUÇÃO |
Os telefonemas para o governador Claudio Castro e para o conselheiro do hospital onde Henry morreu na tentativa de liberar o corpo da criança na unidade de saúde e supostamente evitar que passasse no IML (Instituto Médico Legal) também foram citados como condutas incompatíveis com o cargo.
Por cerca de
duas horas, vereadores que se pronunciaram na tribuna da Casa concordaram com o
parecer favorável pela cassação.
“Hoje é um dia
histórico, emblemático, mas não de comemorações. Não estamos votando a
condenação do Dr. Jairinho, o mérito do processo. Estamos votando se ele tem
capacidade ética e moral de carregar o título de vereador pela cidade do Rio de
Janeiro”, ressaltou Alexandre Isquierdo (DEM), presidente do Conselho de Ética.
No mesmo
sentido, Teresa Bergher (Cidadania) afirmou que a continuidade de Jairinho como
vereador “seria um golpe mortal na imagem do parlamento”.
Já a defesa,
que usou apenas 30 minutos das duas horas disponíveis para se manifestar,
sustentou que Dr. Jairinho era querido na Câmara, citou reeleições no cargo e
ressaltou que o caso ainda não havia sido julgado pelo Judiciário.
O advogado
Berilo Martins da Silva Neto afirmou ainda que o cliente não ligou para o
governador na tentativa de "dar um jeitinho" para esconder suposto
delito, mas para saber do trâmite.
Após a morte do
menino, o ex-parlamentar já havia sido expulso do partido Solidariedade e perdido a Medalha Tiradentes, concedida pela
Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Caso Henry
Henry Borel
morreu no dia 8 de março na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Ele foi levado
pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, Jairinho, até um hospital
particular, onde o casal alegou ter encontrado o menino caído no chão no
apartamento em que moravam.
No entanto,
o laudo de necrópsia do IML (Instituto Médico Legal)
apontou que Henry morreu em decorrência de uma laceração no fígado proveniente
de uma "ação contundente". O documento atestou mais de 20 ferimentos
em diversas partes do corpo, inclusive nos rins, no pulmão e na cabeça. A
perícia apontou que as lesões não seriam compatíveis com acidente.
No curso das
investigações, foram reveladas mensagens trocadas entre Monique e a babá de
Henry, Thayná Oliveira, nas quais ela relatava à mãe do menino agressões do
padrasto contra o enteado. Em uma das situações, após ficar trancado no quarto
com Jairinho, Henry teria saído mancando e com dor na cabeça, afirmando que o
ex-vereador tinha lhe dado uma "banda".
No dia 8 de
abril, Jairinho e Monique foram presos provisoriamente por atrapalharem as
investigações do caso. Em 3 de maio, a Polícia Civil concluiu o inquérito da investigação, indiciando
os dois por homicídio duplamente qualificado e tortura.
Em 7 de maio,
a Justiça aceitou a denúncia contra Jairinho e
Monique e eles se tornaram réus e tiveram prisão preventiva decretada.
Outras
denúncias
Com a
repercussão do caso Henry, vieram à tona novas denúncias de agressões cometidas
por Jairinho contra outras duas crianças e uma ex-namorada.
Nesta terça
(29), o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou o ex-vereador por tortura do filho da
ex-namorada Débora Saraiva, que aconteceu em 2016, quando o menino tinha três
anos.
Jairinho também
foi indiciado pela DCAV (Delegacia da Criança e
Adolescente Vítima), no último dia 16, por cometer violência doméstica contra
Débora, na época em que estavam juntos.
Em 30 de maio,
o médico foi denunciado pelo MP-RJ pela tortura da filha de outra ex-namorada. A menina
sofreu agressões entre 2011 e 2012, quando tinha quatro anos. Segundo o
documento, o ex-parlamentar submeteu a criança a intenso sofrimento físico e
mental, como forma de castigo pessoal.
Do R7
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