A imprensa francesa analisa os resultados do segundo turno das eleições regionais e departamentais realizadas neste domingo (27) na França. O partido de extrema direita de Marine Le Pen – Reunião Nacional (RN) – foi derrotado nas 13 regiões continentais e cinco ultramarinas. "A dinâmica que Marine le Pen acreditava ter criado em torno dela como candidata favorita à eleição presidencial foi bruscamente interrompida", afirma o jornal Le Parisien nesta segunda-feira (28).
Outro derrotado
na votação foi o partido presidencial A República em Marcha, frequentemente em
quarto lugar, com cerca de 10% dos votos. Le Figaro observa
que, em uma eleição marcada por uma abstenção recorde, "a direita
republicana e os socialistas mantiveram suas regiões, esvaziando as esperanças"
das legendas de Marine Le Pen e Emmanuel Macron, cujo partido demonstrou mais
uma vez não ter conseguido sua implantação local.
Libération afirma
que a abstenção recorde – apenas um terço dos eleitores votaram – denota uma
"falência participativa" que deve interpelar o presidente da
República. Na avaliação do diário de linha editorial progressista, a derrota do
candidato de extrema direita Thierry Mariani na única região em que o RN havia
ficado em primeiro lugar no primeiro turno (Provence, Alpes e Côte d'Azur,
conhecida pela sigla Paca) "é uma boa notícia". O representante da
direita, Renaud Muselier, foi reeleito com 15 pontos de vantagem sobre o rival
extremista. Ele contou a desistência do concorrente de esquerda, que se retirou
da disputa. A frente republicana, que muitos acreditavam morta, resiste.
Essas regionais também marcam o retorno da clivagem entre
direita e esquerda. Outra constatação é que os extremos de direita e
esquerda desapareceram. Os comunistas perderam o último departamento que ainda
detinham no país, derrotados pela direita.
Direita se
credencia para eleição de 2022
"Tendo em
vista as pontuações nas listas de Emmanuel Macron e Marine Le Pen na noite de
domingo, a persistência do duelo parece ser um paradoxo", avalia o Le
Figaro. Ao manter suas sete regiões, a direita entra no ano eleitoral em
uma posição muito mais confortável do que durante o mandato de cinco anos de
Emmanuel Macron, escreve o jornal conservador.
O desempenho de
políticos do partido conservador Os Republicanos, muitas vezes coligado com o
centro, foi surpreendente. Na região Hauts-de-France, o presidenciável
Xavier Bertrand venceu o concorrente de extrema direita com 28 pontos de
vantagem. Em Île-de-France, Valérie Pecresse, ex-LR e atualmente sem filiação,
se reelegeu com 12 pontos à frente da coligação de esquerda, segunda colocada.
Uma pesquisa do
instituto Ipsos-Sopra Steria mostra que 62% dos franceses querem que os 10
meses que restam para a eleição presidencial sejam aproveitados para a
realização de reformas importantes, mas 56% excluem da lista a reforma da
Previdência. Pois é exatamente este cenário que parece estar nos planos de
Macron, segundo o diário econômico Les Echos. Acelerar a reforma
das aposentadorias, passando a idade mínima de 62 para 64 anos, poderia
redourar a imagem de Macron como político reformista. A aposta é arriscada, mas
se Macron não fizer nada, também será acusado de inércia, conclui o Le
Parisien.
RFI
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