Marcelo Camargo/Agência Brasil - 15.11.2020
O presidente do
TSE disse que mudança de procedimento na divulgação dos votos foi decisão
técnica, a partir da recomendação expressa em relatório
O presidente
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, disse neste
domingo (15), que a mudança de procedimento na divulgação dos votos, com a
centralização dos procedimentos no próprio TSE, foi uma decisão técnica, a
partir da recomendação expressa em um relatório da Polícia Federal. A decisão
foi tomada pela equipe técnica do TSE durante a presidência da ministra Rosa
Weber, que assumiu o comando do tribunal em agosto de 2018.
"A
centralização da totalização no TSE foi recomendação da pericia da PF em nome
de se prover maior segurança à totalização. Portanto, é até possível que a
centralização no TSE tenha sido a causa da lentidão, estamos estudando, mas foi
decisão técnica decorrente de recomendação da PF e embora tenha dito que não
tinha simpatia pela medida, eu também a teria tomado, porque era recomendação
técnica de relatório minucioso da PF a esse respeito", disse Barroso, em
coletiva de imprensa na noite deste domingo.
"A
totalização nada mais é que olhar os boletins e somá-los. Não é singelo, porém,
ao final, a demora não compromete a integridade do sistema. Eu não tenho
controle do imaginário das pessoas, mas objetivamente o que aconteceu: foi
preservada a integridade do sistema, os dados são conferíveis de cada urna e no
final tudo se resume a lentidão", acrescentou o ministro.
A falha no
sistema de totalizar os votos que causou o atraso na apuração é inédita desde a
adoção da urna eletrônica, em 1996. Barroso reforçou que a falha não altera o
resultado, uma vez que os comprovantes com o balanço dos votos de cada urna são
emitidos ao fim do dia de votação em cada zona eleitoral. "A ideia de que
a demora possa trazer algum tipo de consequência não faz nenhum sentido, porque
o resultado das eleições já saiu no momento em que a urna imprimiu o
boletim", disse.
Estabilidade
Um dia antes de
uma falha técnica atrasar a divulgação dos votos do primeiro turno das eleições
municipais, o secretário de tecnologia da informação do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), Giuseppe Janino, participou de um evento em que prometeu "mais
estabilidade" e "melhor aproveitamento do processamento" na
divulgação dos dados. O cenário que a população brasileira encontrou neste
domingo foi totalmente outro.
"Até a
eleição passada, a totalização era feita nos datacenters dos 27 TREs (Tribunais
Regionais Eleitorais). Cada órgão fazia a recepção, verificação e soma dos
votos, cabendo ao TSE proceder a leitura desses bancos de dados e, também, a
divulgação dos resultados", disse Giuseppe, durante apresentação no último
sábado (14) em que o TSE realizou a verificação dos sistemas das eleições de
2020. O vice-presidente do TSE, Edson Fachin, acompanhou o evento.
Na ocasião,
Janino frisou que agora a divulgação dos votos se concentraria no próprio TSE,
com os boletins sendo transmitidos para o datacenter do TSE. De acordo com ele,
a medida representaria uma economia aos cofres públicos e um ganho na
segurança.
"Conseguimos
baixar bastante os custos, concentrando em um processo de nuvem, fazendo a
virtualização de equipamentos", afirmou Janino na ocasião.
Repercussão -
Na avaliação de Thiago Tavares, presidente da ONG SaferNet Brasil, é prematuro
concluir que o TSE errou ao centralizar a divulgação dos votos.
"É
necessário conhecer mais detalhes técnicos do que ocorreu para se chegar a uma
conclusão mais abalizada. O TSE precisa ser totalmente transparente e divulgar
um relatório técnico sobre o incidente, como recomendam as boas práticas de
segurança cibernética", afirmou Tavares.
Agência
Estado
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