Mais antigo policial militar do RJ deixa carta para a família
antes de morrer: 'tudo dele era muito alegre', diz neta.
Foto: Arquivo pessoal
João Freire
Jucá Sobrinho, que tinha 104 anos, morreu no último domingo (18), em
Petrópolis, onde vivia com a família e recebeu homenagem da PM. O militar deixa
5 filhos, 16 netos, 20 bisnetos e a esposa, dona Vanda, de noventa e seis anos.
Morreu aos 104
anos de idade, no último domingo (18), em Petrópolis, na Região Serrana do
Rio, João
Freire Jucá Sobrinho, o mais antigo policial militar do Rio de Janeiro.
Seu Jucá, como era conhecido por amigos e familiares, deixou cinco filhos,
dezesseis netos, vinte bisnetos e a esposa, dona Evangelina, de 96 anos, com
quem comemoraria 78 anos de casamento no fim deste ano.
Nesta
terça-feira (22), uma das netas de Jucá, Patrícia de Figueiredo, de 44 anos,
revelou que o avô deixou uma carta para a família, que só deveria ser aberta
após a sua morte.
No documento, o
militar reformado deixa instruções sobre o que os familiares deveriam fazer
quando ele morresse, com orientações sobre o sepultamento, seguro, tudo para
facilitar os trâmites burocráticos, que podem tornar o processo de despedida
ainda mais doloroso.
João Freire Jucá Sobrinho atuou durante 40 anos na Polícia Militar. Ele recebeu continência de representante da PM durante seu aniversário de 104 anos em Petrópolis. Foto: Giovani Garcia |
Para Patrícia, a carta se tornou mais uma amostra, desta vez eterniza em palavras escritas, do zelo com que Jucá cuidava de quem estava a sua volta.
“Aqui tava dizendo
o passo a passo que a família deveria tomar… E no final, ele diz “até lá".
Esse era o positivismo dele, tudo dele era muito alegre, muito positivo”, conta
a neta. "Juntos vamos ultrapassar qualquer batalha, como ele sempre nos
ensinou. O amor pela minha avó, por Deus, pela polícia, eram coisas
inexplicáveis", afirma Patrícia.
De acordo com a
família, Jucá teve um derrame há cerca de um mês e ficou internado por 13 dias.
Ele morreu, em casa, 11 dias após voltar do hospital.
"Quando
voltou do hospital, que ele teve um derrame, ele pediu para avisar ao coronel
do batalhão que o tenente coronel já estava a postos, já estava aqui pronto
para a batalha. E assim foi, mostrando a sua garra, a sua dedicação, a sua
vontade de viver, que trouxe esses 104 anos maravilhosos de vida",
relembra Patrícia.
O corpo do
militar foi sepultado no Cemitério de Petrópolis nesta segunda-feira (19). Na
despedida, Jucá recebeu uma emocionante homenagem de familiares e amigos da
Polícia Militar.
Uma história
de honra, amor e dedicação
João Freire Jucá entrou para a polícia em 1934, na então Polícia Militar do Distrito Federal da Guanabara, quando o Rio de Janeiro ainda era a capital do país — Foto: Arquivo pessoal |
O tenente-coronel João Freire Jucá entrou para a polícia em 1934, na então Polícia Militar do Distrito Federal da Guanabara, quando o Rio de Janeiro ainda era capital do país. Se dedicou por 40 anos aos serviços da Polícia Militar. Ingressou como ajudante ainda jovem, depois fez a prova e se tornou soldado.
No ano
seguinte, foi homenageado pelo presidente Getúlio Vargas, por ter combatido
contra o levante militar na Ilha das Flores. Em 1971, recebeu a medalha de ouro
do estado, pelo então governador da Guanabara, por ter cumprido 25 anos de
serviço.
Ativo, Jucá foi
instrutor de educação física no Batalhão.
Nascido em
abril de 1916, e com o registro geral de número 00104, era o policial militar
mais antigo do estado do Rio, enfrentou duas guerras mundiais, gripe espanhola
e presenciou a pandemia da Covid-19 chegar ao Brasil.
Jucá e a esposa na comemoração dos 104 anos do militar reformado, em abril deste ano; festa teve distanciamento social devido à pandemia — Foto: Giovani Garcia/Arquivo pessoal |
Apesar das restrições necessárias para evitar o contágio pelo novo coronavírus, Jucá não deixou de fazer uma das coisas que mais amava: reunir a família. Em abril deste ano, ele celebrou a vida e a chegada dos 104 anos, mas de uma forma um pouco diferente, com filhos, netos e bisnetos mantendo o distanciamento.
“Ele deixou o
respeito, a união, o carinho ao próximo, o elo da família, uma coisa que sempre
gostava muito era de ver a casa cheia, sempre fazia as festas, pedia muito pra
todos comparecerem, e assim a gente fazia, eram festas animadas, momentos
ótimos, que todos curtiam muito”
Por Lucas
Machado e Karine Knust, G1 — Petrópolis
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!