Teste para a detecção do vírus HIV em Belém (PA) 01.12.2017. Foto: Márcio Ferreira/Agência Pará |
Apesar da cura
para o HIV ainda ser um dos grandes desafios para a comunidade médica mundial,
pesquisadores do Ragon Institute identificaram um paciente de 66 anos que teria
se curado da doença espontaneamente, removendo todos os genomas do vírus de seu
corpo em uma circunstância rara.
O estudo foi
realizado por pesquisadores do Hospital Geral de Massachussetts, Massachusetts
Institute of Technology (MIT) e Universidade de Harvard e publicado na
revista científica Nature em 26 de agosto. O objetivo dos
cientistas era analisar a carga viral do HIV no organismo de pacientes
soropositivos.
Os
pesquisadores sequenciaram bilhões de células de 64 pessoas chamadas de
"controladores de elite" – expressão utilizada para descrever indivíduos
que, mesmo com a doença, são capazes de suprimir a multiplicação do vírus sem a
necessidade de medicação.
Nesses casos, o
vírus do HIV é espontaneamente ‘bloqueado’ e não consegue se replicar em partes
inativas do DNA humano.
Dentre os 64
casos analisados, o do paciente de 66 anos poderia ser o primeiro da história a
se curar da doença sem a realização de transplante de medula óssea.
Segundo Xu Yu,
uma das pesquisadoras do Ragon Institute, esse posicionamento de genomas virais
em controladores de elite “é altamente atípico”, uma vez que, na maioria dos
soropositivos, o vírus está localizado nos genes humanos ativos. Neles, os
invasores podem se reproduzir facilmente.
Nesse contexto,
é necessária a administração de antirretrovirais, medicamento que impede a
multiplicação do vírus. Caso o paciente interrompa o tratamento, o invasor
volta a se replicar nas células do hospedeiro.
O HIV afeta
mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo e pode ser efetivamente
controlado com um regime diário desses medicamentos, mas não curado. Desde
2010, a mortalidade relacionada à Aids caiu 33%, muito pela evolução do
tratamento antirretroviral e sua maior acessibilidade.
A partir da
publicação do Regon Institute, o desafio dos cientistas passa a ser a
descoberta de um mecanismo para ativar uma imunidade semelhante à dos
controladores de elite. Consequentemente, o hospedeiro será capaz de eliminar
reservas virais com potencial de replicação, alcançando então uma cura
funcional da doença.
Giulia
Alecrim* e Gabriel Passeri*, da CNN, em São Paulo
(*Sob
supervisão de Evelyne Lorenzetti)
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