PF realiza mais uma etapa da Lava Jato em São Paulo nesta sexta-feira. Foto: Reprodução/CNN (3.jul.2020) |
Procuradores da
Lava Jato de São Paulo que pediram
demissão coletiva nesta quarta-feira (2) afirmaram em documento ao
qual a CNN teve acesso que a chefe da operação em São Paulo, Viviane
Martinez, propôs o adiamento da operação contra o senador José Serra.
Segundo eles,
ao longo do primeiro semestre de 2020 foram sendo colhidos elementos contra o
tucano que apontavam a existência de um esquema complexo de lavagem de dinheiro
relacionado a supostas irregularidades na construção do Rodoanel. Eles relatam
que foram trocando informações sobre as investigações.
"Nessa
esteira, em 11/06/2020, sete peças com pleitos investigatórios foram
concluídas, no Sistema Único, para assinatura de todos os integrantes desta
Força-Tarefa, e posterior remessa à Justiça Federal, em favor de possível
operação que, fartamente embasada em provas, atingia agentes da cúpula do então
governo do estado de SP, e apuraria crimes praticados entre 2006 e, ao menos
2014. Surpreendentemente, contudo, apesar de não ter feito qualquer objeção à
época das trocas de minutas, a Procuradora Viviane enviou um e-mail, em
12/06/2020, aos demais integrantes da Força-Tarefa, pedindo que as peças fossem
recolhidas do Único, e que a operação planejada fosse adiada", dizem.
Os procuradores
afirmam que o motivo alegado foi a intenção do procurador-geral, Augusto Aras,
de criar uma unidade centralizadora de investigações, em Brasília.
"Ela não
apresentou qualquer razão jurídica para fundamentar o que pedia, seja em termos
de divergência quanto ao cabimento da investigação, seja em termos de
divergência quanto a distribuição do caso. Ao revés, apenas argumentou que
seria possível que, em agosto, a chamada Unidade Nacional Anticorrupção – UNAC
fosse aprovada por esse Egrégio Conselho Superior do Ministério Público
Federal, e que isso, a seu ver, poderia fazer com que o caso fosse retirado de
sua responsabilidade. Em outras palavras, a Procuradora Viviane considerou
razoável postergar por quase dois meses o protocolo de pedidos investigatórios
pertinentes a uma operação de relevo (a maior até então planejada pela
Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo) , apenas na expectativa (de duvidosa
concretude, considerando os próprios termos do Anteprojeto que trata da UNAC)
de uma decisão da cúpula da instituição fazer com que este caso deixasse de ser
de sua atribuição."
A CNN tentou
contato com Viviane, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Por Caio
Junqueira, CNN
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