Polícia
Federal apreendeu documentos, celulares
e computadores — Foto: Polícia
Federal/Divulgação
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Os valores
sacados chegam a R$ 1,3 milhão. Polícia identificou que existia um núcleo
dentro da Caixa Econômica, em Cabo Frio (RJ), que repassava informações sobre
os precatórios judiciais. Operação Stellio prendeu seis pessoas, em Minas
Gerais e no Rio de Janeiro.
A Polícia
Federal de Minas Gerais desarticulou uma organização criminosa que realizou
saques de precatórios judiciais. Usando documentos falsos o grupo fez, pelo
menos, 11 vítimas em oito estados e Distrito Federal. As informações sobre os
precatórios eram repassadas a dois advogados por um núcleo que existia dentro
da Caixa Econômica Federal, em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, segundo
as investigações.
Os valores
sacados chegam a R$ 1,3 milhão, o maior foi em Duque de Caixas, R$ 261.153. A
Polícia Federal investiga o quanto desse valor já foi sacado, já que o grupo
também teve acesso a informações de outros precatórios, no valor R$ 70 milhões.
A PF explica que o precatório judicial é um documento emitido pela Justiça para
que o Poder Público efetue o pagamento de uma condenação judicial.
Durante a
Operação Stellio, realizada nesta terça-feira (10), foram presos três oficiais
de cartório, em São Francisco e Luislândia, em Minas Gerais, além de um
contador, na Chapada Gaúcha, também em MG, e dois advogados, um da cidade de
Arinos (MG), que foi preso em Belo Horizonte e é acusado de realizar saques, e
outro da cidade de Cabo Frio, que é funcionário da Caixa Econômica e atuava no
núcleo identificado pela Polícia Federal. Ele estava afastado por motivos
particulares e foi detido em casa, no bairro Dunas do Peró.
Um terceiro
advogado, que também recebia informações para realizar os saques, está
foragido. Ele é de São Francisco, no Norte de Minas.
“Através dessas
informações, os dois advogados mineiros providenciavam a falsificação de
documentos, emitiam uma procuração e conseguiam realizar os saques. Os
titulares dos precatórios eram escolhidos aleatoriamente no Brasil inteiro.
Havia também um núcleo dos cartórios porque eles sabiam que os documentos eram
falsos e mesmo assim lavravam as procurações”, explicou o delegado Thiago
Garcia Amorim.
O delegado
esclareceu ainda que mesmo estando afastado, o funcionário da Caixa, em Cabo
Frio, obtinha dados sobre os precatórios.
“Ele se
comunicava com outro servidor que repassava as informações. O advogado já
responde a procedimento interno da Caixa em razão de suspeita de participação
no saque de outros precatórios. Acreditamos que ele vendia as informações, mas
isso ainda está sendo apurado”.
Saques dos
precatórios foram feitos em oito estados
do país —
Foto: Polícia Federal/Divulgação
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Durante as
investigações, a Polícia Federal constatou que os valores sacados eram
depositados em contas de familiares dos advogados que recebiam as informações
em MG, e também na conta de pessoas pessoas ligadas aos cartórios, além do
contador.
Dos 11
precatórios, sete foram sacados na Caixa Econômica Federal e quatro no Banco do
Brasil. A polícia vai investigar como os advogados tinham acesso a informações
do Banco do Brasil.
Foram cumpridos
14 mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro, Maranhão, Pará e no Distrito Federal. A polícia apreendeu celulares,
computadores e documentos.
Investigação
Os dois
advogados mineiros alvos da operação já haviam sido presos pelo mesmo crime em
setembro de 2018 e em fevereiro deste ano. As investigações começaram a partir
das duas prisões. Na época, os dois foram liberados porque o juiz determinou
que eles cumprissem penas alternativas, segundo a PF.
O advogado que
está foragido foi preso em 2018 enquanto tentava efetuar um saque no valor de
R$ 83 mil em uma agência da Caixa em Montes Claros.
“O gerente
percebeu que o titular do precatório tinha uma conta poupança na Caixa e
residia em Ituiutaba (MG), mas a procuração estava com endereço de São
Francisco. Ele constatou a falsidade, acionou a PF e o advogado foi preso em
flagrante”, disse o delegado Thiago Garcia Amorim.
O outro
advogado foi detido depois de sacar R$ 62 mil em uma agência de São Francisco.
O titular do precatório residia em Tocantis e a procuração para fazer o saque
foi emitida por um cartório de Luislândia.
“O gerente
entrou em contato com a titular e ela disse que nunca esteve na cidade
Luislândia. Ele comunicou a Polícia Federal e nós prendemos esse outro advogado.
Ele disse que efetuou o saque a pedido do advogado de São Francisco e tinha
transferido R$ 45 mil para a conta dele”.
A Polícia
Federal esclareceu que as investigações foram feitas com apoio do setor de
combate a fraudes da Caixa e do Banco do Brasil.
Bloqueio de
bens
Além dos
mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça Federal de Montes Claros
expediu sete mandados judiciais de bloqueio de bens móveis e imóveis dos
investigados.
“Eles
adquiriram alguns bens, como veículos e fizeram viagens internacionais. Tudo
com o valor obtido pelos precatórios, inclusive com transferência direta no
momento do saque”.
Os presos no
Norte de Minas foram levados para presídios de Montes Claros. O advogado detido
em Belo Horizonte foi encaminhado à Penitenciária Nelson Hungria e o advogado
preso em Cabo Rio (RJ) foi levado para o presídio Carlos Tinoco da Fonseca, em
Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Se condenados,
eles podem pegar mais de 15 anos de reclusão.
O que dizem
a Caixa Econômica e o Banco do Brasil
Em nota, a
Caixa informou que atuou em colaboração com as investigações da Polícia Federal
e mantém cooperação integral com o trabalho das autoridades. O banco esclareceu
também que adotará todas as providências de abertura de processos
disciplinares, apuração de responsabilidades e as medidas de consequência
cabíveis.
Já o Banco do
Brasil esclareceu que colaborou com as investigações por meio do repasse de
subsídios no seu âmbito de atuação. Ainda segundo a nota, o banco mantém
estrutura dedicada à prevenção a fraudes e apta a detectar a atuação de
golpistas por meio de sistemas e soluções de segurança.
Por Marina Pereira, G1 Grande Minas —
Montes Claros
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