Quadrilha vende passagens clonadas em estações do metrô sem ser incomodada | Rio das Ostras Jornal

Quadrilha vende passagens clonadas em estações do metrô sem ser incomodada

Flagrante de cliente comprando passagem irregular na estação
 do metrô, em Vicente de Carvalho, Zona Norte: MetrôRio diz que
 aciona órgãos competentes nesses casos - fotos de Reprodução

Especialista alerta que quem compra também comete o crime de estelionato
Rio - 'Passagem? R$ 4 aqui na minha mão. Vai fechar com nós (sic), paizão? A passagem aqui é mais barata'. O anúncio, feito por um rapaz usando bermuda e camisa de time de futebol europeu, é mais do que tentador. Porém, por trás dessa suposta venda 'promocional' do bilhete que custa R$ 4,60 está o crime de estelionato, que é cometido tanto por quem vende como por quem compra a passagem de um cartão irregular. O bando utiliza cards virgens e máquinas compradas no Paraguai para clonar os cartões.
Professor em Direito Penal, o advogado criminalista Carlos Fernando Maggiolo explica que o infrator que vende passagens em bilhetes clonados está automaticamente enquadrado nesse tipo de crime. Mas o especialista faz questão de lembrar que, nesse caso, a lei também se aplica ao comprador.
"O que acontece é que, em muitos casos, as pessoas alegam que não sabiam da fraude. Dizem que querem ajudar uma pessoa que precisa de dinheiro e, por isso, aceitam a proposta. Cabe à polícia investigar e, se identificar a participação, o passageiro irá responder como coautor do crime", explica.
Segundo Maggiolo, a pena aplicada para o crime de estelionato varia de um a cinco anos de prisão.
"A oferta é tentadora, mas é ilegal. Alguém precisa tomar uma providência. Todos os dias é assim. Não fica apenas ele, outros também estão envolvidos. E quem sabe ele não trabalha aqui com a autorização de um dos seguranças? Tudo pode acontecer nesse mundo maluco", comentou uma passageira, que pediu para não ser identificada.
Rede mafiosa
Em setembro deste ano, a Polícia Civil prendeu sete pessoas envolvidas num esquema de fraude do vale-transporte Riocard. A operação, realizada pela 56ª DP (Comendador Soares), identificou que a quadrilha havia gerado um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões.
Além da ação dos estelionatários no metrô e na SuperVia, passageiros de ônibus também são assediados. No Centro de Rio, a quadrilha se divide em pontos espalhados pela Avenida Presidente Vargas, Rua Acre e na Rua do Passeio. Passagens com valores de até R$ 15 a oferta saem por R$ 10 em dinheiro.
Bando migrou dos trens para o metrô
O delegado André Mahone, titular da 56ª DP (Comedador Soares), afirma que, em breve, a polícia vai identificar os integrantes da quadrilha que atua na venda de passagens clonadas. Segundo Mahone, os criminosos migraram dos trens para o metrô.
"A gente tem monitorado essa quadrilha, que atua no Rio todo, não só na Baixada Fluminense. Houve uma migração intensa dos ramais da SupeVia para o MetrôRio, por conta da atualização do software das catracas dos trens. Isso dificultou a ação deles, que acabaram indo para o metrô. Já estamos cientes disso e vamos conseguir identificar e capturar essa quadrilha", informou.
Assédio acontece na bilheteria
Sem se sentir incomodado pela segurança do Metrô Rio, o jovem negociante, aparentando ter entre 25 e 30 anos, caminha livremente pela estação Maria da Graça, na Zona Norte da cidade. Nas mãos, cerca de 15 cartões de vale-transporte Riocard, a maior parte clonada. 
A passagem unitária do metrô custa R$ 4,60. Mesmo assim, o rapaz não se acovarda e oferece desconto de 60 centavos para os passageiros. Com a oferta aceita, o vendedor vai até a catraca e faz o desbloqueio para que o passageiro consiga passar.
Cinco estações depois, em Vicente de Carvalho, a cena se repete. Dessa vez, cerca de dez homens com camisas de clubes do Rio se dividem nas duas entradas da estação. "Passagem barata é aqui. Aproveita logo a promoção e vá ser feliz de metrô", brinca um dos jovens.
E engana-se quem pensa que alguém passa despercebido pelos vendedores. Se o passageiro vai diretamente ao caixa para comprar um bilhete, a oferta vai até ele: "Poxa, tia, vai comprar a passagem aí? A senhora sabe que a gente vende mais barato", apela o vendedor, sem ser importunado.
Empresas monitoram desvios

O MetrôRio explicou que "não compactua com o uso fraudulento dos cartões de passagem em suas estações. A concessionária, ao flagrar a ação, aciona os órgãos competentes, tendo em vista a prática de crime".

A Fetranspor esclarece ter um controle rigoroso do sistema de bilhetagem eletrônica, que identifica movimentações consideradas fora do padrão de uso, levando ao bloqueio imediato dos cartões e a notificação de seus usuários. As informações são compartilhadas com as autoridades de segurança e transportes, a fim de apoiar ações de combate ao uso irregular de benefícios trabalhistas, sociais e tarifários por meio dos cartões Riocard.

O órgão também busca continuamente implementar melhorias no sistema de bilhetagem, adotando novas tecnologias e aperfeiçoando os controles internos.

Um sistema de biometria facial vem sendo implantado por empresas do sistema Fetranspor, para tornar mais eficiente o controle.

As polícias Civil e Militar não se manifestaram até o fechamento da matéria.
Por Anderson Justino

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