Na carta em que renunciou formalmente, Morales insistiu em denunciar que foi vítima de um golpe e destacou que o mote "é resistir". |
Um dia após
renunciar à presidência da Bolívia, Evo Morales confirmou nesta segunda-feira
que está deixando seu país rumo ao México, que lhe concedeu asilo político.
Algumas horas
antes do anúncio, o governo do mexicano Andrés Manuel López Obrador havia
anunciado a concessão do asilo. Morales deve viajar em um avião da Força Aérea
do México, fazendo escala em Lima, o que foi facilitado por autoridades
peruanas.
"Irmãs e
irmãos, parto rumo ao México, grato pela abertura do governo deste povo irmão
que nos brindou com um asilo para proteger nossa vida. Dói-me abandonar o país
por razões políticas, mas estarei sempre por perto. Logo voltarei com mais
força e energia", anunciou Morales, que governou a Bolívia desde 2006, na
noite desta segunda-feira pelo Twitter.
Mais cedo, o
chanceler mexicano, Marcelo Ebrad, justificou a concessão do asilo mencionando
"razões humanitárias e em virtude da situação de urgência que a Bolívia
enfrenta", onda a "vida e integridade" de Morales correm risco.
O boliviano
renunciou à presidência logo após as Forças Armadas "sugerirem" que
ele deixasse o cargo para pacificar o país, uma jogada dos militares que seus
correligionários e apoiadores classificam como um "golpe de estado".
Na carta em
que renunciou formalmente, Morales insistiu em denunciar
que foi vítima de um golpe e destacou que o mote "é resistir".
"Que fique para a história nosso compromisso em defender nossas conquistas
alcançadas a sangue e fogo", declarou.
Além de Evo,
deixaram os cargos o vice-presidente, Álvaro Garcia; a presidente do Senado,
Adriana Salvatierra; o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli; e o
presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda. Com as renúncias, ficaram
vagos todos os cargos que estão na linha de sucessão à Presidência — o que traz
uma série de cenários possíveis para o comando do país, desde a
convocação do Congresso para a escolha de novos presidentes das casas
legislativas a novas eleições gerais.
As renúncias
ocorreram em meio a intensos protestos populares após a eleição presidencial,
em 20 de outubro, que apontaram a vitória de Evo em primeiro turno — o que o
alçaria a um quarto mandato. O resultado foi acusado de fraude e passou por
auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA), que recomendou a
anulação da votação e a marcação de um novo pleito.
A oposição a
Morales apostou desde o primeiro momento na mobilização nas ruas para
pressionar o líder. Com greves e paralisações em todo o país, a Bolívia se
transformou em um grande campo de batalha entre apoiadores de Morales e seus
opositores. Centenas de pessoas ficaram feridas — e três mortes teriam sido
registradas, o que pode ser considerado um número baixo, dada a intensidade da
violência dos embates e ao fato de que os mineradores usam dinamite nos
protestos.
Em cidades como
El Alto e La Paz, houve relatos ainda de destruição e saques, além de marchas e
barricadas com manifestantes gritando "guerra civil".
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