Milicianos dominam construção e venda de imóveis irregulares na Muzema, onde prédios desabaram | Rio das Ostras Jornal

Milicianos dominam construção e venda de imóveis irregulares na Muzema, onde prédios desabaram

Desabamento atinge dois prédios na comunidade da Muzema,
 na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
Reportagens da TV Globo mostram desde 2018 que grupo criminoso controla o mercado imobiliário na região. Em janeiro, MP e Polícia Civil prenderam suspeitos de grilagem de terras.
Milicianos dominam a venda de imóveis irregulares na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio onde estão localizados os prédios que desabaram na manhã desta sexta-feira (12).
A Polícia Civil possui investigações sobre a construção e venda dos prédios como uma das atividades mais lucrativas da milícia de Rio das Pedras, que fica próxima.
Segundo fontes da corporação, pelo menos 90% dos prédios construídos na região foram erguidos por construtoras que possuem ligação com a milícia.
Em outubro do ano passado, o RJ2 mostrou que milicianos exploram a construção de edifícios na região. Na ocasião, houve o flagrante de um trator em uma clareira na comunidade carregando areia e brita.
Moradores denunciaram o loteamento de terrenos vizinhos a um condomínio fechado. Os criminosos criam um conjunto habitacional, no interior da comunidade, sem qualquer documentação.
Segundo informações do repórter Genilson Araujo, é possível contar pelo menos 60 imóveis sendo construídos na comunidade.
De acordo com relatos feitos ao RJ2, a milícia parcela os valores do imóvel mas o apartamento não é registrado. A única documentação de posse é expedida pela associação de moradores. Os valores dos imóveis variam entre R$ 15 mil e R$ 25 mil. Com parcelas de R$ 2 mil por mês.
Em janeiro deste ano, uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta terça-feira (22), cinco suspeitos de integrar uma milícia que age em grilagem de terras.
O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e arredores.
Segundo as investigações, o grupo usa a Associação de Moradores de Rio das Pedras para fazer transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas.
De acordo com os promotores, na Associação de Moradores da Muzema e de Rio das Pedras havia farta documentação de venda de imóveis e cheques de grandes quantias assinados nominalmente, que foram apreendidos, além de talões de cheques também assinados.
Muzema, local onde os dois prédios desabaram, fica na Zona
Oeste da cidade. — Foto: Wagner Magalhães / Arte G1

Na denúncia do Ministério Público sobre a milícia de Rio das Pedras, há menções explícitas à abertura de firmas na área de construção civil para construção de imóveis na região, que inclui a comunidade da Muzema.
Segundo o MP-RJ, a abertura de firmas teria sido feita para baratear o valor de custo da construção dos imóveis, utilizando o CNPJ da empresa conseguiria material de construção por menor preço.
Em um dos diálogos interceptados, do dia 10 de outubro, Fabio Campelo Lima, um dos denunciados e que seria responsável pela abertura das firmas em nomes de "laranjas", conversa sobre a construção de um prédio na região de Rio das Pedras.
"Fábio: Deixa eu te falar, esse endereço aqui, Avenida Júlio de Souza filho, 655 SV Lote 7, o quê que é isso, SV?
Júlio: É um prédio que eles tão construindo."
Em janeiro, o G1 publicou que o Ministério Público abriu investigação sobre o pagamento de propina dos milicianos a um funcionário da Prefeitura para liberar o alvará de funcionamento de uma empresa de construção civil. O caso segue sob investigação.
Na denúncia, nomes como São Felipe Construção Civil, São Jorge Construção Civil e ConstruRio Mz são ligados diretamente a pessoas que estão na organização criminosa. O escritório da milícia é localizado como sendo na estrada de Jacarepaguá, 3145, a menos de três quilômetros do local onde os prédios desabaram.
Por G1 Rio

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