Moro admite motivação política da separação do projeto que criminaliza caixa dois | Rio das Ostras Jornal

Moro admite motivação política da separação do projeto que criminaliza caixa dois


Proposta encaminhada por Moro incluiu a criminalização do caixa 2 no artigo 350 do Código Penal, com reclusão de dois a cinco anos.
O ministro Sérgio Moro reconheceu a motivação política da separação do projeto que criminaliza o caixa dois.
O ministro da Justiça adotou um discurso mais brando ao falar do caixa 2 e admitiu que o fatiamento da proposta foi feito para agradar parlamentares.
“Houve uma reclamação por parte de alguns agentes políticos de que o caixa 2 é um crime grave, mas não tem a mesma gravidade que corrupção, que crime organizado, que crimes violentos. Então, nós acabamos optando por colocar a criminalização num projeto à parte, mas que está sendo encaminhado no mesmo momento. Foi o governo ouvindo reclamações razoáveis dos parlamentares quanto a esse ponto e simplesmente adotando uma estratégia diferente”, afirmou Sérgio Moro.
A resistência à proposta no Congresso vem de longe. Em 2016, a Câmara chegou a aprovar a criminalização do caixa 2. A proposta foi para o Senado. Ficou parada lá e acabou arquivada. Na época, o então juiz Sérgio Moro defendeu a criminalização do caixa dois como fundamental para combater o que várias vezes chamou de trapaça, atentado à democracia.
Hoje, o caixa 2 é tratado na lei eleitoral como omissão de informações. A proposta encaminhada agora por Moro, altera o artigo 350 do Código eleitoral, para detalhar o crime, com pena de dois a cinco anos, podendo a ser aumentada em até dois terços se houver participação de agentes públicos na prática criminosa.
O líder do PSL, partido do presidente Bolsonaro, disse que o fatiamento da proposta foi estratégia política. “Foi uma questão estratégica, mas isso não impede o trâmite normal e eu acho que essa casa vai se debruçar sobre esse projeto e a responsabilidade pela aprovação ou não é aqui do Parlamento”, disse o deputado delegado Waldir, líder do PSL em Goiás.
O líder da oposição considerou o fatiamento da proposta um retrocesso. “É um sinal muito ruim. O sinal do governo vai estimular que o Congresso não trate da criminalização do caixa 2 como uma prioridade”, opinou Alessandro Molon.
O deputado Rubens Bueno, do PPS, também criticou duramente o que chamou de "recuo do governo": “Dá a entender que está atendendo uma demanda do mundo político. É hora de dar uma resposta à sociedade brasileira de crimes como o caixa 2, que ficam engavetados como ficou no Senado. E sabemos mais. Que o caixa 2 criminalizando não vai deixar mais acontecer como foi o mensalão e o petróleo”, refletiu Bueno, deputado do PPS no Paraná.
O presidente da Câmara disse que a proposta será votada. “Não existe resistência nenhuma. A gente já votou uma vez, a gente tem toda condição de votar de novo. Junto, separado, do jeito que for”, garantiu Rodrigo Maia.
Em nota, a Organização Transparência Internacional Brasil afirmou que vê com preocupação a atitude do governo e que a medida não pode ser recebida pelos parlamentares como moeda de troca para a aprovação de outras medidas de interesse do Executivo, pois se trata de um ponto fundamental no enfrentamento da corrupção eleitoral.
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal ministro Ayres Brito defende que a criminalização do caixa 2 deve ser prioridade no Congresso porque a prática é a porta de entrada para outros crimes.
“Quem começa pelo caixa 2, me permita a metáfora, já escrevi sobre isso, termina no diabo a quatro. Por quê? Porque perde a noção de limite, vai se enredando nessa teia de crimes. É por todos os ângulos de análise, o caixa 2 há de ser combatido com toda a veemência, toda a eficácia, toda a prioridade. Eu confesso que estranhei esse fatiamento em desfavor, digamos, temporal da análise, da figura do caixa 2”, afirmou Brito.
Por Jornal Nacional

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