Mulher
caminha durante nevasca em frente ao Kremlin, sede
do governo
russo na Praça Vermelha, em Moscou
Foto: Yuri Kadobnov/AFP
|
Governo diz
querer garantir que provedores locais possam estar operantes mesmo se o país
for 'cortado' da rede online, mas suspeita-se que iniciativa seja parte de
esforço para criar sistema de censura semelhante ao da China.
A Rússia está considerando
desconectar-se brevemente da internet global como parte de um teste de suas
defesas cibernéticas.
Isso
significará que os dados enviados por cidadãos e organizações russas circularão
apenas dentro do país, em vez de serem roteados internacionalmente.
Um projeto de
lei que estabelece as mudanças técnicas necessárias para que a internet russa
seja operada de forma independente foi apresentado ao Parlamento no ano
passado.
O teste deverá
ocorrer antes de 1º de abril, mas uma data exata não foi definida.
Grande
perturbação
O projeto de
lei, chamado Programa Nacional da Economia Digital, requer que os provedores
russos adquiram capacidade para operar no caso de potências estrangeiras
tomarem medidas para isolar o país do mundo online.
A Otan (aliança
militar de países de 29 países da Europa e América do Norte) e seus aliados
ameaçaram punir a Rússia por ataques cibernéticos e outras ações online pelos
quais o país é regularmente acusado.
As medidas
descritas na lei incluem uma versão própria da Rússia do sistema de endereços
da rede, conhecido como DNS, para que possa operar caso as conexões com
servidores internacionais sejam cortadas.
Atualmente, 12
organizações supervisionam os servidores que servem de base para o DNS e
nenhuma delas está na Rússia. No entanto, e já circulam na Rússia várias cópias
do conjunto de endereços considerados núcleo da rede, o que indica que seus
sistemas poderiam continuar operando mesmo se uma ação fosse tomada para isolar
o país digitalmente.
O teste também
deve envolver os provedores, para que demonstrem que podem direcionar dados
para pontos de roteamento controlados pelo governo. Eles filtrarão o tráfego
para que dados enviados entre russos cheguem aos seus destinos e para que
qualquer envio feito para computadores estrangeiros seja descartado.
Por fim, o
governo russo quer que todo o tráfego doméstico passe por esses pontos de
roteamento. Acredita-se que isso seja parte de um esforço para criar um sistema
de censura em massa semelhante ao que ocorre China, que tenta bloquear qualquer
tráfego considerado proibido.
Organizações de
notícias russas relataram que os provedores do país estão apoiando amplamente
os objetivos do projeto de lei, mas estão divididos sobre como fazê-lo. Eles
acreditam que o teste causará "grandes perturbações" no tráfego de
internet na Rússia, informou o site de notícias de tecnologia ZDNet.
O governo russo
está pagando provedores apara que estes modifiquem sua infraestrutura
permitindo o teste do redirecionamento de dados.
Análise: Zoe
Kleinman, repórter de tecnologia da BBC
Como um país
inteiro "se desconecta" da internet?
É importante
entender um pouco sobre como a internet funciona. Ela é composta por milhares
de redes digitais pelas quais a informação viaja. Essas redes estão conectadas
por pontos de roteamento de dados - e eles são sabidamente o elo mais fraco
desta cadeia.
O que a Rússia
quer fazer é ter sob seu controle estes pontos pelos quais passam os dados que
entram ou saem do país, de modo que possa puxar uma ponte levadiça, por assim
dizer, para o tráfego que vem de fora, caso esteja sendo ameaçada - ou caso
decida censurar informações externas.
O sistema da
China é provavelmente a ferramenta de censura mais conhecida do mundo e
tornou-se uma operação sofisticada. O país também vigia seus pontos de
roteamento, usando filtros e bloqueios para palavras-chave e determinados sites
e redirecionando o tráfego para que computadores no país não possam se conectar
a determinados endereços.
É possível
contornar alguns bloqueios usando redes virtuais privadas (VPNs) - que
disfarçam a localização de um computador para que os filtros não entrem em
ação. A China derruba esses esforços de tempos em tempos, e a punição por
fornecer ou usar VPNs ilegais pode ser uma sentença de prisão.
Ocasionalmente,
países se desconectam da rede global por acidente - a Mauritânia ficou isolada
por dois dias em 2018, depois de um cabo de fibra óptica submarino ter sido
cortado, possivelmente por uma traineira.
BBC
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!