O
vice-presidente Hamilton Mourão no Palácio do Planalto,
em imagem de
7 de janeiro — Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
|
O vice-presidente da
República Hamilton
Mourão disse ao blog que não vê dificuldades para o governo Jair
Bolsonaro mesmo com a crise
envolvendo um dos filhos do presidente, o senador eleito Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ).
No fim de 2018, um relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou operações
bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj). O documento revelou a movimentação atípica de R$ 1,2
milhão na conta de um ex-motorista e ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício
Queiroz.
"Pior é a guerra que morre
gente", afirmou Mourão, que ocupa, pela primeira vez, a partir desta
segunda-feira (21), a Presidência da República de forma interina.
Questionado pelo blog sobre se a
situação de Flávio é difícil para o governo, ele respondeu: "Eu não acho
difícil porque tenho a seguinte teoria: pior é a guerra que morre gente. Isso
[caso de Flávio] é uma questão de elucidar o caso, se tem crime julgue-se de
acordo com a lei e pronto. Qual a grande glória da democracia? A lei. A lei é
fundamental no sistema democrático. Mais ainda: Que a lei sirva para
todos".
Na última sexta-feira (18), o
Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a um trecho de um relatório do
Coaf sobre movimentações
bancárias suspeitas de Flávio Bolsonaro. Em um mês, foram 48
depósitos em dinheiro numa conta do senador eleito, no total de R$ 96 mil.
Mourão conversou com o blog neste
domingo (20). Ele foi um dos primeiros integrantes a cobrar publicamente
explicações de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, ainda em dezembro.
Para o vice, a questão agora é um
problema de Flávio Bolsonaro, que precisa explicar o caso. "O que vamos
falar? Não tenho o que dizer. É um problema do Flávio Bolsonaro".
Mourão emendou: "Apure-se.
Existe uma expressão no Exército que diz 'apurundaso' – um acrônimo de apurar e
punir se for o caso".
Indagado se a estratégia de defesa
de Flávio, de pedir para suspender
a investigação do Coaf no Supremo Tribunal Federal (STF), não pesa
contra o discurso de combate à corrupção, o vice disse: "Defesa é defesa.
Até onde é corrupção, até onde é rachadinha? Agora, existem outros investigados
na mesma operação e ninguém dá bola. Cade o cara dos 24 milhões?".
Afastamento do Planalto
O vice afastou o caso do Palácio
do Planalto. "Isso vai ficar incomodando por causa do sobrenome. É bom
para o governo? Fica essa pressão toda, não é um problema do governo. Se o
sobrenome fosse qualquer outro, não tinha problema", complementou Mourão.
O ministro do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, também afastou o caso do Palácio
do Planalto. Ao blog, ele disse que é uma questão "totalmente
pessoal" e que "aguarda os acontecimentos". "Não tem
nenhuma decisão do governo, contratação, zero, nada, que tenha sido pautada por
isso. Não vou dar palpite por que não tem nada a ver com o governo".
Por Andréia Sadi
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