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President Nicolas Maduro greets
guests after taking the oath of office at the
Supreme Court in Caracas,
Venezuela, Thursday, Jan. 10, 2019.
(AP Photo/Ariana Cubillos)
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A presidente do
PT, Gleisi Hoffmann, justificou a sua presença na posse do ditador Nicolás
Maduro nesta quinta-feira (10) afirmando que a eleição na Venezuela aconteceu
de acordo com as regras constitucionais vigentes e enfrentou candidaturas de
oposição legítimas.
Segundo a
petista, é preciso reconhecer o voto popular pelo qual Maduro foi eleito.
De acordo com
a Folha, Hoffmann encontrou-se com o ex-presidente Lula em Curitiba para
tratar da viagem.
Maduro foi
eleito em maio com 67% dos votos. O processo eleitoral é acusado de fraudes e
75% dos venezuelanos reprovam o governo.
Veja o que
Gleisi e o PT não entenderam sobre a ditadura na Venezuela.
1. A contestada
reeleição de Nicolás Maduro
Nicolás Maduro
é visto não só pela oposição, mas por diversos governos, como um ditador,
apoiado pelos militares. Maduro, que toma posse nesta quinta-feira (10), diz
ser um “presidente democrático” e afirma que o país é “vítima” dos Estados
Unidos e da “guerra econômica da direita”.
A eleição
ocorreu em maio na Venezuela. À época, Maduro era reprovado por 75% da
população e o processo eleitoral foi acusado de fraudes, com denúncias graves
de compras de votos. Houve tentativa de boicote e 54% da população não
compareceu às eleições - o maior índice de abstenção da história do país. O
resultado também foi questionado pela comunidade internacional.
O candidato
derrotado da oposição, Henri Falcón, denunciou mais de 350 violações às regras
eleitorais e afirmou que não reconheceria o resultado das urnas. Ele chegou a
exigir novas eleições.
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PRESS Na Venezuela, 87% da população
vive em situação de pobreza.
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De acordo com
Falcón, houve pressão, chantagem e abuso do voto assistido, que é o uso de
acompanhante para ajudar o eleitor na hora do voto. Maduro teve 67,7% dos votos
contra 20,93% de Henri Falcón.
Outras
lideranças da oposição foram impedidas de concorrer, seja porque estavam presos
ou exilados ou porque foram proibidos de concorrer a qualquer cargo.
2. Por que a
Venezuela pode ser considerada uma ditadura
Desde 2013,
quando Nicolás Maduro assumiu o poder, ele tem reprimido com violência
manifestações de venezuelanos indignados com a situação do país. Soma-se a isso
a limitação da liberdade de imprensa e a prisão de opositores.
Em 2017,
um relatório da ONU sobre a situação do país afirmou que a democracia
na Venezuela estava ”à beira da morte” e concluiu que o governo havia abusado
do uso da força para se manter no poder.
No mesmo ano, o
presidente destituiu o Parlamento, que era composto por maioria opositora, e
convocou uma Assembleia Constituinte paralela sob o argumento de “resolução da
crise”. A Constituinte adiantou as eleições e o Legislativo teve os seus
poderes suprimidos.
Diante desse
cenário, países como Estados Unidos, Canadá e algumas nações da União Europeia
impuseram sanções ao governo venezuelano que é acusado de corrupção e violações
de direitos humanos.
3. A crise na
Venezuela e os protestos violentos
Há quase seis
anos, a Venezuela sofre com ondas de protestos violentos, que deixaram centenas
de mortos. O país também enfrenta uma grave crise socioeconômica devido à queda
do preço do petróleo, aos altos gastos do governo, à corrupção e ao isolamento
internacional.
Dados oficiais
do país mostraram que, em 2018, 87% da população vivia em situação de pobreza.
Para tentar driblar a crise, o governo buscou supervalorizar a moeda
venezuelana, mas isso provocou distorções de valores que causaram uma crise de
desabastecimento e contribuíram para um cenário de hiperinflação.
Em 2016, o
ápice se deu com a escassez de medicamentos, o que levou o Parlamento a
decretar “crise humanitária” no país.
4. População
enfrenta fome e desabastecimento
A situação não
melhorou nos últimos meses. Em 2017, 64% dos venezuelanos perderam cerca de 11
kg por causa da fome, segundo uma pesquisa realizada pelas Universidade Central
da Venezuela, a Universidade Simón Bolivar e a Universidade Católica Andrés
Bello.
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PRESS Mais de 30 mil venezuelanos
passaram a
viver no Brasil.
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Um relatório
publicado pela FAO em setembro de 2018 afirmou que 11,7% da população não tinha
acesso a alimentos. A porcentagem corresponde a 3,7 milhões de pessoas.
Outro
levantamento realizado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em
fevereiro de 2018, concluiu que cerca de 70% das crianças de até 5 anos estão
gravemente desnutridas. Isso levou mães a abrirem mão da criação dos filhos e
serem forçadas a entregá-los para autoridades ou famílias mais ricas. Centenas
de pessoas moram nas ruas. A busca por comida em lixos é comum nas cidades.
5. Emigração em
massa de venezuelanos
Apagões de
energia elétrica, hiperinflação, desemprego em massa, desabastecimento de
comida, água e medicamentos e dificuldade de acesso a serviços de saúde levou à
emigração em massa de venezuelanos. De acordo com a ONU, cerca de 3 milhões de
pessoas deixaram o país. Mais de 30 mil venezuelanos cruzaram a fronteira para
o Brasil em busca de melhores condições.
6. Militares
são presos e torturados acusados de conspiração
Na última
quarta-feira (9), a organização Human Rights Watch em parceria com a ONG Foro
Penal, lançou um relatório em que mostra que os serviços de inteligência e as
forças de segurança na Venezuela prenderam e torturaram militares e suas
famílias que foram acusados de “conspirar contra o governo”.
De acordo com o
documento, estariam sendo usados golpes, tentativas de asfixia, descargas
elétricas, privação de comida e de acesso a banheiros.
A justificativa
de Gleisi Hoffmann para comparecer a posse
Em comunicado
oficial, o PT argumentou que a presença de Gleisi Hoffmann na cerimônia de
posse de Nicolas Maduro é “para deixar claro que não concordamos com a
política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com
a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários. Bloqueios,
sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo
venezuelano a sofrimentos brutais.”
De acordo com a
petista, a posição agressiva de Bolsonaro contra a Venezuela contraria a
tradição diplomática do Brasil e é “inaceitável que se vire as costas” quando
uma nação enfrenta dificuldades.
Ana Beatriz Rosa
Huffpost
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