Bittar, o ex-presidente e outras 10 pessoas são réus no processo da Operação Lava Jato. |
Fernando
Bittar foi interrogado nesta segunda-feira (12) em processo da Lava Jato que
apura se o ex-presidente recebeu propina de empreiteiras por meio da reforma e
decoração do sítio.
O empresário e
um dos donos do sítio em Atibaia (SP), Fernando Bittar, disse em interrogatório
à Justiça Federal na segunda-feira (12) que achava que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva faria o pagamento das obras na propriedade. Lula está preso em Curitiba.
Bittar, o
ex-presidente e outras 10 pessoas são réus no processo da Operação Lava Jato.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), Lula recebeu propina de empresas como a OAS e a Odebrecht por meio
da reforma e decoração no sítio em que frequentava com a família.
Também foram
interrogados nesta quarta-feira o ex-assessor da presidência da República, no
governo Lula, Rogério Pimentel, e o advogado e amigo do ex-presidente Roberto
Teixeira. Os réus reafirmaram o que já tinham dito à Justiça.
Pimentel, que é
réu na ação por lavagem de dinheiro, foi o primeiro a prestar depoimento nesta
quarta. Os interrogatórios foram comandados pela juíza federal Gabriela Hardt,
substituta na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba.
O ex-assessor
da presidência é apontado por testemunhas como o representante de Lula no sítio
durante as reformas. Os procuradores afirmam que ele fez pagamentos em dinheiro
vivo repassado pela Odebrecht.
"A gente
como empregado, você pega uma conta e paga. Não tenho autonomia para perguntar
da onde ele arrumou o dinheiro", disse.
No depoimento,
ele afirmou que a ex-primeira dama Maria Letícia, já falecida, pediu para que
ele acompanhasse as obras.
"Dona
Marisa sempre foi durona, exigente e reservada em relação a esse tipo de coisa.
As pessoas falam você era de confiança', eu era de confiança sim, pra buscar um
pão na padaria, comprar uma carne, levar cachorra no veterinário, buscar filho
na escola, ou até mesmo o neto, isso era confiança", contou.
O segundo a ser
interrogado foi o empresário e um dos donos do sítio em Atibaia - que também é
réu por lavagem de dinheiro.
Bittar explicou
que em um determinado momento passou a frequentar menos o sítio e que a família
de Lula começou a utilizar mais a propriedade, inclusive levando objetos
pessoais para o local.
Ele disse
também que acreditava que o ex-presidente faria o pagamento das obras, mas o
MPF afirma que notas fiscais da reforma estão em nome de Bittar, com pagamentos
feitos pela OAS e pela Odebrecht, como no caso do empreiteiro Carlos Prado.
O réu foi
questionado sobre uma nota fiscal de prestação de serviços do empreiteiro em
nome de Bittar e de um contrato de prestação de serviços também em nome dele.
Bittar disse que não tinha conhecimento.
"Soube
posteriormente através de mídia, imprensa. Eu não conheço essas pessoas",
afirmou Bittar.
O último a
depor foi o advogado e amigo de Lula. O delator Alexandrino Alencar afirmou que
Roberto Teixeira ajudou a elaborar um contrato fictício para esconder o real
beneficiário da reforma.
No depoimento,
Teixeira disse que é testemunha do caráter e da lisura do ex-presidente e que
se lembra de somente uma reunião com o delator.
Ele afirmou
desconhecer a razão para a Odebrecht esconder que fazia obras no sítio. Sobre a
reunião com Alexandrino, ele afirmou que foi uma "consulta jurídica direta
e objetiva em relação à questão da averbação" e que apenas respondeu.
O que diz a
defesa de Lula
A defesa do
ex-presidente Lula disse que o depoimento desta segunda não deixou qualquer
dúvida de que Fernando Bittar é o proprietário de fato e de direito do sítio.
Os advogados
afirmaram ainda que ficou evidente que Lula não tinha conhecimento ou relação
com as obras enquanto era presidente, e que as provas do processo não mostram
relação entre as obras e contratos da Petrobras.
Por G1 PR e RPC Curitiba
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