© Foto: Leo
Correa e Andres Leighton/AP
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Um grupo de
fiéis aliados egressos das Forças
Armadas, liderados por três generais do Exército, vem ampliando seu
espaço de influência na campanha de Jair Bolsonaro (PSL). Equipes temáticas, especialmente da
área de infraestrutura, que estavam sob comando do economista Paulo Guedes, no Rio, estão sendo
integradas aos debates conduzidos pelos generais.
Com isso, parte
das discussões passou para a órbita de Oswaldo Ferreira, um dos homens fortes do grupo de Brasília. Esse
time, que foi montado por Bolsonaro no início do ano, é composto por generais
de sua confiança. Ex-chefe da missão de paz da ONU no Haiti, o general Augusto Heleno desfruta de grande
proximidade com Bolsonaro, é conselheiro para assuntos de segurança e defesa e
tem atuado em temas de relações exteriores. Ferreira e Aléssio Ribeiro Souto completam o
grupo de generais que coordenam debates técnicos sobre diversas áreas do
eventual governo.
O movimento é
visto dentro da campanha como natural, já que havia grupos diferentes trabalhando
em sugestões para as mesmas áreas simultaneamente nas duas cidades. Guedes
segue mantendo forte liderança sobre os economistas e especialistas civis que
discutem no Rio as diretrizes econômicas de um possível governo Bolsonaro.
Esses colaboradores repetem que ele tem a palavra final. Alguns se referem a
Guedes até como “chefe”.
Os generais em
Brasília trabalham a partir da direção apontada por Guedes, que mira em corte
de gastos e enxugamento da máquina pública. Não há, contudo, hierarquia entre
os generais e o coordenador do programa econômico. Os generais, que trabalham
numa sala alugada no subsolo de hotel quatro estrelas de Brasília, respondem
diretamente a Bolsonaro.
Lá, eles têm a
contribuição de pesquisadores e de militares de outras patentes, como um
brigadeiro e coronéis da Aeronáutica e do Exército. Ao total, são quase 30
equipes temáticas envolvidas na elaboração do programa de governo, em
discussões sobre educação e gestão de tecnologia.
Com relação de
longa data com o candidato do PSL, Heleno é em quem Bolsonaro mais confia. É
uma relação de pai e filho, descrevem pessoas próximas aos dois. Eles se
conheceram ainda nos anos 1970, quando Bolsonaro era cadete na Academia Militar
das Agulhas Negras (Aman) e Heleno, um tenente que treinava a equipe de
pentatlo. “Era um aluno esforçado”, lembra o general.
A relação ficou
mais próxima após o impeachment de Dilma
Rousseff, em 2016. Em abril do ano passado, em entrevista ao Estado, Bolsonaro afirmou que Heleno
ocuparia em seu governo a posição que quisesse.
Em julho,
durante viagem de pré-campanha a Marabá e Parauapebas, decidiu que Heleno, que
o acompanhava, seria o candidato a vice em sua chapa. O PRP, partido de Heleno,
não quis a parceria e o candidato acabou escolhendo para o posto Hamilton Mourão – que conhece há
décadas, chegou a ser seu comandante no Exército, mas tem causado embaraços à
campanha. Heleno vem sendo cotado para chefiar o Ministério da Defesa, mas tem mostrado influência em outras áreas,
como relações exteriores.
Mais discreto e
despojado dos oficiais da reserva que estão na campanha de Bolsonaro, o general
Oswaldo Ferreira, ex-chefe do Departamento de Engenharia e Construção do
Exército, foi levado para a campanha a convite de Bolsonaro, mas aceitou a
missão somente após assegurar que Heleno, por quem nutre grande admiração,
estaria no time.
Transportes
Ferreira é
colega de turma e amigo de Mourão, mas hoje tem papel mais estratégico na
campanha que o vice. Ele vem sendo apontado como um nome forte para assumir a
pasta dos Transportes ou a coordenação de governo.
Ex-chefe do
Centro Tecnológico do Exército, o general Aléssio lidera discussões sobre
educação, ciência e tecnologia. Foi levado para a campanha por Ferreira, com
quem atuou no Departamento de Engenharia e Construção quando ambos eram
coronéis.
Encontraram-se
casualmente no início do ano, após anos sem contato. “No meio militar, a gente
passa 20 anos sem se ver, mas somos amigos, porque temos em comum a cor da pele
emblematizada na roupa”, diz.
As propostas
devem servir a mais de uma pasta em um governo Bolsonaro, que tem no radar os
ministérios da Educação, Esporte e Cultura e outro de Ciência, Tecnologia e
Comunicações.
Renata
Agostini e Leonencio Nossa
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