© Reuters Nadia
Murad e Denis Mukwege
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O médico
ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Nadia
Muradreceberam o prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira (5)
por seu trabalho contra a violência sexual em ambientes de guerra.
Mukwege, de 63
anos, tratou centenas de vítimas de estupro durante a guerra civil do Congo,
onde comanda um hospital em Bukavu.
Nadia Murad,
25, é parte da minoria Yazidi no Iraque. Ela foi sequestrada pelo Estado
Islâmico (EI) em 2014 e foi vítima de violência sexual por meses. Depois de sua
experiência, se tornou uma das mais notáveis ativistas de direitos humanos na
luta contra a violência sexual em ambientes de guerra. Foi a primeira
Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico
Humano das Nações Unidas.
“Cada um deles
à sua maneira ajudou a dar maior visibilidade à violência sexual em tempo de
guerra, de modo que os perpetradores possam ser responsabilizados por suas
ações”, diz o texto oficial da Academia do Prêmio Nobel, na Suécia. O prêmio
reconhece a maior contribuição para a paz mundial.
A cúpula que
decide os ganhadores também afirmou que Denis Mukwege tem sido “o principal e
mais unificador símbolo nacional e internacional na luta para acabar com a
violência sexual na guerra e em conflitos armados”. Ele foi indicado ao prêmio
nos últimos 10 anos e está entre os mais contados para ganhar a honra há
tempos.
O ginecologista
lidera o hospital Panzi, na cidade de Bukavu. A clínica atende milhares de
mulheres todos os anos, muitas delas vítimas de estupro que necessitam de
cirurgias e tratamentos especiais.
Mukwege foi
vítima de uma tentativa de assassinato em 2012 que o obrigou a deixar o Congo
temporariamente. Ainda assim, o ativista retornou ao país alguns meses depois
para continuar seu trabalho.
O médico e sua
equipe “tratam milhares de pacientes que foram vítimas desses ataques”,
condenou “a impunidade das violações maciças e criticou o governo do Congo e de
outros países por não fazer o suficiente para acabar com a violência sexual
contra as mulheres como estratégia e arma de guerra”, diz o Nobel.
O comitê também
ressaltou a “coragem” de Nadia em falar sobre suas experiências e sofrimento em
prol da luta contra o uso da violência sexual como crime de guerra.
Além disso, foi
destacado que “após três meses de cativeiro, ela conseguiu escapar e começou a
denunciar os abusos que ela e outras mulheres tinham sofrido”.
Estima-se que
3.000 garotas e mulheres yazidis foram vítimas de estupro e outros abusos por
parte dos extremistas no Iraque. A violência sexual foi sistemática e fazia
parte da estratégia militar empregada pelos terroristas.
A ONU celebrou
o “anúncio fantástico, que ajudará a fazer avançar o combate contra a violência
sexual como arma de guerra nos conflitos”.
“É uma causa
muito importante para as Nações Unidas”, afirmou a porta-voz da ONU em Genebra,
Alessandra Vellucci.
O prêmio
consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 9 milhões de coroas
suecas (4 milhões de reais).
Os vencedores
receberão seus prêmios em Oslo e Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário
da morte do idealizador da premiação, Alfred Nobel (1833-1896).
Indicados
A lista de
indicados é mantida em sigilo, daí a dificuldade em saber exatamente quem são.
Porém, foi informado que, neste ano, houve 311 concorrentes: 216 pessoas e 115
organizações.
Os nomes dos
líderes coreanos Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e Moon Jae-in, da Coreia do
Sul, integraram a lista, assim como o presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Outra
organização cotada foi a União Americana pelas Liberdades Civis (em inglês
ACLU) pela defesa das liberdades individuais e, principalmente, dos imigrantes
e refugiados nos Estados Unidos.
Histórico
O primeiro
Nobel da Paz foi entregue em 1901. Já receberam a premiação líderes
internacionais envolvidos na resolução de conflitos internacionais, como Shimon
Peres, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, em 1994.
Temas
ambientais, de direitos humanos e combate à pobreza também estiveram entre os
assuntos de destaque do Nobel da Paz. No ano passado, a Campanha Internacional
pela Abolição de Armas Nucleares recebeu o prêmio.
(Com Agência
Brasil)
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