Os Estados Unidos irão
definitivamente se retirar do tratado nuclear assinado com a Rússia durante a Guerra Fria,
confirmou nesta terça-feira (23) o conselheiro da Casa Branca para a Segurança
Nacional, John Bolton, em Moscou. A decisão foi tomada pelo presidente
americano, Donald Trump, e é vista como o prenúncio de uma nova escalada armamentista
entre os dois países.
Bolton
reuniu-se nos últimos dois dias, em Moscou, com o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, e outras autoridades. Assim como fez com o tratado
nuclear com o Irã, Trump alegou o descumprimento dos compromissos pelo
outro lado para retirar seu país, conforme anunciou no último final de semana.
O Tratado de Armas Nucleares Intermediárias (INF, na sigla em inglês) foi
assinado em 1987 com a antiga União Soviética.
Trump advertiu
ontem que os Estados Unidos continuarão fortalecendo seu arsenal atômico e
acusou a China e “outros” países de fabricarem armas nucleares intermediárias,
dando a entender que o INF ficou obsoleto. Em entrevista à imprensa no fim de
sua viagem, Bolton reafirmou que a Rússia tem violado do tratado.
“A posição da
Rússia é que eles não estão violando (o pacto)”, disse. “Precisamos, então, nos
perguntar sobre como pedir aos russos para voltarem a cumprir algo que eles não
acreditam que estão violando.”
Reunião com
Putin
Durante o
encontro de 90 minutos com o presidente russo, Bolton disse ter falado sobre o
conflito na Síria e a interferência eleitoral nos Estados Unidos, bem como
sobre a decisão de Trump em relação ao tratado de armas.
“Discutimos a
nossa constante preocupação com a interferência da Rússia nas eleições e que
tem sido particularmente prejudicial para as relações EUA-Rússia”, disse ele.
“Tivemos longas
discussões sobre questões de controle de armas, o novo cenário estratégico e o
tratado de armas nucleares de médio alcance INF”, acrescentou.
Bolton também
afirmou que o presidente Trump quer se reunir com Putin em Paris, à margem dos
eventos de comemoração do fim da I Guerra Mundial, em 11 de novembro.
Posição russa
O governo da
Rússia reiterou nesta terça-feira que rejeita romper o INF sem que haja um
acordo alternativo sobre a mesa, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
“Sem dúvida, há
pontos fracos (no tratado), mas a ruptura do acordo quando não existe sequer
uma minuta de um novo compromisso é algo que certamente rejeitamos”, afirmou
Peskov em entrevista coletiva.
Além disso, o
porta-voz da Presidência russa ressaltou que não há perspectivas para um novo
tratado no futuro próximo, por isso é perigoso rompê-lo.
“O mais
importante agora é entender se é possível ou não” negociar um tratado novo,
disse Peskov, que acrescentou que “denunciar o tratado primeiro e, depois,
falar da hipotética possibilidade efêmera de assinar um novo documento é uma
postura extremamente perigosa”.
O tratado
Assinado em
1987 entre o então presidente americano Ronald Reagan e o secretário-geral do
Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o
INF previa a eliminação dos mísseis balísticos e
de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujos alcances estivessem entre
500 e 5.500 quilômetros até 1 de junho de 1991.
Até a data
prevista no tratado, 2.692 mísseis foram destruídos – 846 por parte dos Estados
Unidos e 1.846 por parte da União Soviética.
(Com AFP e
EFE)
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