Três candidatos
derrotados à Presidência da
República criticaram as primeiras entrevistas do presidente
eleito Jair Bolsonaro (PSL)
nesta segunda-feira, 29, um dia após a definição do resultado das urnas.
Presidente do PSDB, Geraldo Alckmin criticou as falas
de Bolsonaro sobre retirar verbas públicas dos veículos de imprensa que se
comportarem de maneira "indigna". Marina Silva, líder da Rede, se posicionou contra a proposta do
presidente eleito de alterar o Estatuto
do Desarmamento. Por sua vez, Guilherme Boulos(PSOL) disse que Bolsonaro manteve o
"discurso de ódio" e afirmou que o presidente precisa saber que
"não se acaba com movimento social com decreto ou violência".
Alckmin fez
suas críticas nas redes sociais após Bolsonaro dizer ao Jornal Nacional, da TV
Globo, que pretende tirar recursos do governo federal de veículos de imprensa
que se comportarem de maneira "indigna" como é supostamente o caso,
segundo Bolsonaro, do jornal Folha de S. Paulo.
Na primeira
manifestação de Alckmin desde o primeiro turno da eleição, no qual o tucano
terminou em quarto lugar, com 4,76% dos votos, o ex-governador disse que
Bolsonaro começou mal.
"A defesa
da liberdade ficou no discurso de ontem (domingo). Os ataques feitos
hoje pelo futuro presidente à Folha de S. Paulo representam um
acinte a toda a Imprensa e a ameaça de cooptar veículos de comunicação pela
oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo
nacional", disse Alckmin em sua conta no Facebook.
Ao JN,
Bolsonaro prometeu respeitar a liberdade de imprensa, mas disse que o repasse
de verbas de anúncios da União é uma coisa diferente. "Sou totalmente
favorável à liberdade de imprensa, mas temos a questão da propaganda oficial de
governo, que é outra coisa”, disse. “Não quero que (a Folha) acabe. Mas, no que
depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá
recursos do governo federal. Por si só esse jornal se acabou."
Para o
presidente do PSDB, as declarações de Bolsonaro sinalizam que o presidente
eleito pretende substituir a liberdade de Imprensa pelo clientelismo de
Imprensa. "Alguns fazem críticas aos seus críticos porque não conhecem
seus próprios limites. O futuro Presidente vai ter de conviver e de respeitar
todos e, em especial, os que a ele dirijam críticas", disse.
Alckmin não
divulgou voto no segundo turno e o PSDB manteve-se neutro na eleição. Seu
afilhado político, João Doria, eleito governador de São Paulo, aderiu com
afinco a campanha do candidato do PSL. No discurso da vitória, o ex-prefeito de
São Paulo elogiou Bolsonaro e disse "o meu PSDB tem lado".
Marina Silva
Marina Silva (Rede)
disse que a entrevista concedida à Record TV, de 30 minutos de duração, foi
"preocupante" porque Bolsonaro tenta induzir as pessoas a acreditarem
que podem resolver o a violência "fazendo justiça com as próprias
mãos". "É espantoso o anúncio do presidente eleito de que uma de suas
primeiras medidas após a posse será enviar para o Congresso uma proposta para
facilitar o acesso às armas de fogo. Qualquer tentativa de revogar e
desconfigurar o Estatuto do Desarmamento é um retrocesso lastimável!",
escreveu Marina em suas redes sociais.
A
presidenciável que ficou em oitavo lugar na disputa eleitoral, com 1% dos
votos, disse que a crise de segurança pública não será resolvida armando a
população, e sim com integração e valorização das polícias, inteligência e
tecnologia para combater o crime organizado. "As armas de fogo são
responsáveis por 71% dos homicídios registrados no Brasil. Por isso, não canso
de repetir o que venho dizendo: quanto mais armas, mais violência".
Guilherme
Boulos
Boulos, do PSOL
que teve 0,58% dos votos na disputa presidencial, criticou as falas de
Bolsonaro contra movimentos sociais. "O presidente eleito manteve o
discurso de ódio do candidato. É importante que saiba que não se acaba com
movimento social com decreto ou violência. Isso não resolve a falta de terra e
teto para milhões. Daí nascem os movimentos", escreveu.
Luiz Raatz e
Paulo Beraldo
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