© Reuters Museu
arde em chamas no domingo: gastos com
manutenção
são mínimos há anos
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Mesmo detendo
um acervo de 20 milhões de itens, o Museu Nacional custava
muito pouco para o governo federal - especialmente quando seus custos são
comparados a outros da máquina pública.
Os R$ 268,4 mil
gastos pelo Museu em 2018 até agora equivalem, por exemplo, a menos de 15
minutos de gastos do Congresso Nacional em 2017, por exemplo - Câmara e Senado
custaram R$ 1,16 milhão por hora no ano passado, segundo levantamento da Ong
Contas Abertas, especializada em acompanhar os gastos do governo.
Todos os dados
relativos ao Museu Nacional nesta reportagem foram levantados pela reportagem
da BBC News Brasil por meio do Siafi.
A comparação
com o Poder Judiciário é ainda mais desfavorável: os mesmos R$ 268,4 mil seriam
capazes de manter a máquina judiciária funcionando durante menos de 2 minutos
em 2017 - no ano passado, a Justiça brasileira custou R$ 90,8 bilhões, segundo
o relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De tudo que foi
gasto pelo Museu Nacional este ano, uma parcela muito pequena - R$ 31,3 mil -
foi usada para manutenção física e reformas do prédio onde a instituição
funcionava, no parque da Quinta da Boa Vista, no Rio.
Ali perto, o
estádio do Maracanã consumiu cerca de R$ 1,3 bilhão em sua última reforma, cujo
objetivo era prepará-lo para a Copa de 2014. O total gasto com a reforma do
Maracanã é 5.022 vezes maior que o gasto pelo Museu Nacional até agora em 2018.
© EPA Bombeiros
levaram várias horas para controlar
o fogo na noite deste domingo
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Em 2017, o
Museu teve gastos da ordem de R$ 413 mil. É muito se comparado aos gastos de
uma família, mas uma quantia muito modesta diante do Orçamento da União.
E é muito pouco
mesmo na comparação com as cifras da corrupção no Brasil: o ex-diretor da
Petrobras Pedro Barusco poderia "manter" a instituição durante 640
anos - em valores de 2017 - com os R$ 267 milhões que ele devolveu como parte
de seu acordo de delação premiada, em 2017.
O mesmo valor
de R$ 413 mil é também 15 vezes menor que os R$ 6,5 milhões que o ex-governador
do Rio, Sérgio Cabral, e sua esposa Adriana Ancelmo gastaram com a compra de
joias de 2000 a 2016.
Verbas em queda
livre desde 2013
As causas do
incêndio que destruiu o Museu neste domingo ainda não são conhecidas. Mas as dificuldades
orçamentárias e investimentos mínimos em manutenção, reparos e segurança vêm
sendo relatados por funcionários da instituição há décadas.
O maior baque
ocorreu entre os anos de 2013 e 2015 - os gastos do museu caíram de R$ 1,04
milhão em 2013 para apenas R$ 397,4 mil em 2015 (em valores corrigidos pela
inflação). Nos anos seguintes, esta capacidade se recuperou um pouco, mas
continua baixa. Foram R$ 480 mil em 2016, em valores corrigidos pela inflação,
e R$ 445 mil em 2017.
© AFP Apenas
as paredes do Museu Nacional continuam de pé
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Embora o
orçamento do museu ao longo dos anos tenha sido um pouco maior do que isto, os
gastos efetivos da instituição são o mais importante se ser avaliado - no
sistema brasileiro, o orçamento corresponde a uma autorização para gastar.
Gastos com
manutenção: só R$ 252 mil desde 2014
Outra coisa que
chama a atenção nos gastos do Museu Nacional é o quão pouco a instituição
gastava efetivamente para renovar sua estrutura física. Desde 2014, o Museu
Nacional gastou apenas R$ 252 mil para tal fim. A última reforma relevante foi
em 2014: uma reforma na estrutura de refrigeração da Biblioteca Central.
Em 2018, por
exemplo, foram gastos apenas R$ 31,3 mil com manutenção - o orçamento destinado
à rubrica este ano era de cerca de R$ 50 mil. Por outro lado, este ano o Museu
usou R$ 188 mil para realizar eventos na casa.
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