Milícias são responsáveis por mais de 50% dos homicídios na região de São Gonçalo e Maricá, diz delegada | Rio das Ostras Jornal

Milícias são responsáveis por mais de 50% dos homicídios na região de São Gonçalo e Maricá, diz delegada


Operação nesta segunda-feira prendeu 18 suspeitos de integrar milícias na região. Segundo a polícia, grupos que atuavam em São Gonçalo movimentavam mais de R$ 100 mil por mês.
prisão de 18 pessoas suspeitas de envolvimento com três milícias distintas nos municípios de São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana do Rio, pode causar impacto direto nos números de homicídios nas duas cidades.
"A gente acredita que nessa região mais de 50% dos homicídios são atribuídos a esses grupos. Muitas vezes não conseguíamos elucidar esses crimes pela forma de atuação deles. As pessoas conhecem os criminosos, matam sem qualquer disfarce, à luz do dia", explicou a delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG).
Nesta segunda-feira (24), pelo menos 140 agentes da Polícia Civil, e representantes do Ministério Público, participaram da Operação Gerais. O objetivo dos agentes era prender criminosos que fazem parte de três milícias que atuam nas duas cidades.
De acordo com a polícia, um dos grupos é suspeito de matar cinco jovens em um conjunto habitacional do program Minha Casa Minha Vida, em Maricá. O crime aconteceu em março deste ano.
A Divisão de Homicídios investiga também a participação de PMs corruptos no crime. Escutas telefônicas indicaram que militares faziam operações contra traficantes e depois abriam espaço para entrada de milicianos nas áreas.
Mapa localiza as regiões sob o poder de paramilitares
Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
"Nós temos indícios, algumas indicações de possível envolvimento de policiais militares para apoio no sentido de se tomar esse território", afirmou a delegada.
Os números de mortes chamaram a atenção da Polícia Civil para a violência das quadrilhas. Segundo a delegada, duas milícias de São Gonçalo movimentavam mais de R$ 100 mil mensais.
Investigações
As investigações ganharam força a partir das prisões em flagrante de duas pessoas consideradas pela polícia os "matadores" das milícias: Rodrigo Melo, o Russo, em janeiro deste ano, e João Paulo Firmino, o Mineirinho, em fevereiro.
Segundo a polícia, Firmino integrava uma quadrilha comandada pelo sargento da PM Wainer Teixeira, líder da milícia em Maricá. Os investigadores indicam Firmino como autor da chacina de cinco jovensno condomínio do Minha Casa Minha Vida, em Itaipuaçu.
"O Russo e o Mineirinho eram matadores e cobradores das duas milícias. Os dois grupos utilizavam as mesmas pessoas para fazer certos serviços", explicou a delegada.
A partir das prisões, segundo ela, foi possível identificar os grupos e seus mandantes.
"É importante também dizer o quanto isso afeta a população local: pessoas que têm pagar caro no gás, na cesta básica, pagar taxas de segurança. É um trabalho para o qual cada vez mais os poderes e a sociedade tem que se voltar", afirmou o promotor Sérgio Luís Lopes, do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.
Gravações
Em uma das gravações telefônicas autorizadas pela justiça, dois milicianos chamados Chicão e Luquinha falam sobre como vão se fortalecer para combater Wainer Teixeira, preso na Operação Calabar, em 2017. Nesta segunda, foi cumprido novo mandado de prisão contra o praça, em Maricá, onde ele já cumpria prisão domiciliar.
Em outro áudio, Sassá, considerado chfe da milícia, fala que quer a segurança do condomínio, e Chicão afirma que, para isso, precisarão da ajuda de um "vereador amigo".
A delegada Bárbara Lomba disse que as investigações continuam e que pessoas citadas nas ligações, incluindo o vereador, estão "no radar" da delegacia especializada.
Entre os foragidos, segundo a polícia, estão:
  • Rodrigo Silva, Negão, segundo na organização da milícia de São Gonçalo
  • Chicão, envolvido em homicídio em Maricá
  • RMeia, envolvido em homicídio em São Gonçalo que teria se juntado a uma milícia em Nilópolis
Por Henrique Coelho, G1 Rio

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