Moradores reclamam de excessos de militares | Rio das Ostras Jornal

Moradores reclamam de excessos de militares

© Wilton Junior|Estadão Defensoria condenou medida
 do exército de fichar moradores de favelas

RIO DE JANEIRO - Moradores de uma favela do Rio de Janeiro denunciaram à Defensoria Pública que foram obrigados a entregar celulares a militares para que vasculhassem suas fotos e contatos. Já na comunidade de Acari, na zona norte carioca, moradores dizem que policiais militares estão fotografando indiscriminadamente seus documentos de identidade para checar antecedentes criminais, o que a Defensoria considera ilegal.
A Defensoria não informou em qual favela teria ocorrido a varredura de telefones. “Os militares não podem fazer uma varredura assim, sem que haja consentimento do morador ou um mandado”, disse Fabio Amado, coordenador de Direitos Humanos da Defensoria.
O Comando Conjunto das Operações no Rio informou que a averiguação de celulares não é um procedimento padrão para checagem de mandados de prisão em aberto e que irá averiguar as denúncias.
Já o relato da abordagem em Acari foi feito publicamente ontem, na primeira reunião do Observatório da Intervenção, e também ratificado à Defensoria. O grupo foi formado por iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, e é integrado por entidades da sociedade civil que acompanham os desdobramentos da ação federal no Rio.
Na semana retrasada, militares também fotografaram documentos de identidade de moradores na Vila Kennedy, na zona oeste. A ação causou polêmica.
Segundo a estudante Buba Aguiar, representante do Coletivo Fala Akari, policiais vêm abordando indiscriminadamente moradores e requerendo os RGs. “Eles falam que ‘é o procedimento’”, ela conta. “A polícia pode ‘sarquear’ (averiguar antecedentes criminais) num equipamento que tem dentro da viatura. Se esse sistema está falhando, a população não tem nada com isso.” O Estado questionou a Secretaria de Segurança sobre a medida e a denúncia, mas não obteve resposta.
Os moradores se sentem humilhados pela medida, relata a estudante. “Quem vai à padaria e está sem documento é ‘esculachado’. Não há lei que diga que a pessoa tem de estar com a identidade 24 horas por dia. Só que se você é pobre e mora na favela, já é suspeito. Se é preto, já é tachado. Em bairros nobres eles não fazem isso”, critica Buba. As tropas ainda não estiveram na comunidade, que é dominada pelo tráfico de drogas.
Alerta
De acordo com a Defensoria, a lei impõe limites à identificação criminal do cidadão – por exemplo, quando o documento civil está rasurado –, e fotografar os documentos sem critério nas ruas configura constrangimento. O órgão está acompanhando as ações para coibir excessos por parte das forças de segurança e se colocou à disposição da população para que seus direitos individuais sejam resguardados.
Na reunião do Observatório, havia representantes de 20 favelas, do Rio e região metropolitana, entre elas, a Vila Kennedy, que já passou por cinco investidas das Forças Armadas desde a intervenção. Na terça-feira, 6, a PM fez nova operação no local e um adolescente foi apreendido.
Houve consenso no encontro: a desconfiança em relação à intervenção federal. Os moradores disseram não acreditar que intervenção tenha efeitos a longo prazo e temem abusos. “A gente está em estado de aflição”, conta a jornalista Marcela Lisboa, do Complexo da Penha, na zona norte.

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