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© Foto: Reuters
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BRASÍLIA E
RIO - O ministro da Justiça, Torquato Jardim, acusou políticos e comandantes de
batalhão de se associarem ao crime organizado no Rio e disse que “a milícia
tomou conta do narcotráfico”. Torquato também afirmou que o governador
fluminense, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o secretário de Segurança Pública,
Roberto Sá, não têm controle sobre a Polícia Militar. Eles rebateram a
declaração.
“Todo mundo sabe que o comando da PM no Rio é
acertado com deputado estadual e o crime organizado”, disse Torquato, em
conversa com jornalistas, sem citar nomes de possíveis envolvidos. “Comandantes
de batalhão são sócios do crime organizado no Rio.”
Para o
ministro, o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, na
quinta-feira passada, foi uma retaliação. Comandante do 3.°Batalhão da Polícia
Militar do Rio, Teixeira, de 48 anos, foi executado a tiros no Méier, na zona
norte. Trata-se do 111.º policial morto neste ano no Estado.
“Nada me
tira da cabeça que aquilo foi um acerto de contas”, afirmou o ministro da
Justiça. Na tentativa de comprovar sua suspeita, Torquato disse ter chamado a
atenção sobre detalhes do crime em recente encontro com Pezão e Sá. “Ninguém
assalta dando dezenas de tiros para cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado”,
argumentou Torquato. “O motorista era um sargento da confiança dele.”
Teixeira,
na realidade, vestia farda. Quem estava à paisana era o cabo Nei Filho, que
dirigia o carro. A versão oficial, divulgada até agora, é a de que houve reação
a uma tentativa de assalto iniciada por quatro pessoas. A polícia prendeu um
suspeito de envolvimento no assassinato.
Torquato
disse ter certeza de que a situação no Rio vai melhorar com o apoio do governo
federal e uma “interface” com as Forças Armadas. “Podem me cobrar no fim de
2018”, comentou. “Mas a virada da curva ficará para 2019, com outro presidente
e outro governador. Com o atual governo do Rio não será possível. Já tivemos
ali conversas duríssimas. Não tem comando.”
No seu
diagnóstico, a campanha eleitoral de 2018 será dominada por dois grandes temas:
economia e segurança pública. “A segurança já passou a saúde”, observou
Torquato.
Reação
O
governador e o secretário reagiram. Pezão afirmou, em nota, que o Estado e o
comando da polícia “não negociam com criminosos”, ressaltando que “o comandante
da PM, coronel Wolney Dias, é um profissional íntegro”. Destacou, ainda, que o
ministro nunca o procurou para tratar do assunto abordado.
O
governador frisou também que as escolhas de comandos de batalhões e delegacias
fluminenses são decisões técnicas e que jamais recebeu pedidos de deputados
para tais cargos.
O
secretário Sá disse que as declarações de Jardim causaram “indignação”.
“Roberto Sá refuta totalmente as interferências políticas, tendo colocado como
premissa básica para assumir o cargo a total autonomia para a escolha dos
comandados. Sá reafirma que o Comandante-geral possui autonomia para as
escolhas de comandantes de batalhões, feitas por critérios técnicos”, afirma a
nota da pasta.
“A despeito
de todas as crises pelas quais o Estado passa, incluindo a financeira, que
afeta diretamente a remuneração dos agentes públicos, bem como qualquer
investimento ou custeio, a Secretaria de Segurança, por meio do incessante
trabalho das Polícias Civil e Militar, vem mantendo a produtividade em ações,
bem como conseguindo reverter a tendência de aumento de alguns indicadores”,
acrescentou Sá.
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