Talão
verdadeiro tem a cor mais forte e faixa de segurança
diferente (Foto: Reprodução/TV Globo)
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Segundo
investigações, sindicato fraudava sistema Rio Rotativo para reduzir tempo de
uso das vagas e ampliar horário de cobrança. Cinco pessoas foram denunciadas
por vários crimes, como revelou o RJTV.
Após quatro
meses de investigações, a Polícia Civil desvendou um esquema de fraudes no
sistema Rio Rotativo, que regula o estacionamento em áreas públicas do
município do Rio. Segundo a polícia, a quadrilha movimenta cerca de R$ 200 mil
por semana com o esquema, que envolve falsificação de placas e de talões de
estacionamento para vender mais tíquetes, como revelou o RJTV nesta
quinta-feira (19), com exclusividade.
Os
investigadores já descobriram que a quadrilha fez várias adulterações no
sistema. Na Rua Belford Roxo, em Copacabana, Zona Sul do Rio, uma placa
supostamente do Rio Rotativo informa que o tíquete de estacionamento vale por
duas horas e tem que ser usado das 7h às 23h.
No entanto, a
placa é falsificada: segundo a regra oficial, o tíquete deveria valer por 4
horas, e a cobrança deveria ser só até as 19h. Com a fraude, a quadrilha obriga
os motoristas a comprar mais tíquetes para manter os carros nas vagas do Rio
Rotativo.
Em muitas placas,
a palavra tíquete aparece com a grafia em inglês ticket, o que segundo a
polícia é um sinal da falsificação. Às vezes, a adulteração é ainda mais
grosseira: outra placa teve o número 3 transformado em 9, para ampliar o
horário de cobrança pelas vagas aos sábados, das 13h para as 19h. E as placas
falsas estão espalhadas por diversas ruas de Copacabana.
As
investigações levaram os policiais até um depósito em Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense, onde havia pelo menos 40 placas adulteradas, prontas para serem
colocadas nas ruas, e mais de mil talões de estacionamento falsos.
Segundo o
delegado responsável pelas investigações, Gabriel Ferrando, por trás das
fraudes estão dirigentes do Sindicato dos Operadores de Tráfego e Guardadores
de Veículos do Brasil (Sindotguave). É essa a sigla que aparece nos uniformes
de todos os guardadores encontrados em Copacabana.
O sindicato tem
autorização da secretaria de transportes para vender os tiquetes de
estacionamento e lucra com isso. A entidade compra cada talão por R$ 20 e
repassa aos supervisores por R$ 30; estes, por sua vez, vendem um talão aos
guardadores por R$ 40.
"A gente
sabe que Copacabana é um grande ponto de estacionamento de veículos e portanto
é um local muito visado, muito disputado pela quadrilha", afirma o
delegado.
As investigações
apontam que o Sindotguave está em situação irregular, já que ainda não tem
registro sindical no Ministério do Trabalho. Mesmo assim, conseguiu benefícios
junto à Prefeitura do Rio que só são conferidos a organizações regularizadas -
como é o caso da venda de bilhetes de estacionamento por um valor abaixo do de
mercado.
Para a polícia,
o sindicato, na verdade, funciona como uma empresa e age como uma milícia.
"A investigação revelou que toda a estrutura [do Sindotguave] estava muito
longe de uma entidade sindical que não visa o lucro. Na verdade, o sindicato
estava atuando com se fosse uma sociedade empresarial, pagando comissões a
operadores, a supervisores, e auferindo lucro principalmente com essa fraude
detectada"
Cinco pessoas
ligadas ao sindicato foram denunciadas pelo Ministério Público pelos crimes de
estelionato, falsificação de documento público, dano ao patrimônio público e
organização criminosa. José Renato Brito Ramos, que seria o responsável pelo
Sindotguave, e o gerente operacional Eduardo Lacerda Mendonça, tiveram prisão
preventiva decretada e estão foragidos.
Dezenas de
placas e cartazes falsificados por quadrilha
(Foto:
Reprodução/TV Globo)
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Na garagem do
prédio em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, onde mora Mendonça, foram apreendidos
pela polícia um Porsche, avaliado em R$ 140 mil, e duas motos importadas.
Segundo os investigadores, os veículos foram adquiridos com o dinheiro obtido
nas fraudes.
Ainda segundo o
delegado responsável pelo caso, as investigações continuam, agora para apurar o
crime de lavagem de dinheiro, do qual o aumento patrimonial dos envolvidos é
indício.
"Nós
acreditamos que isso aí é somente a ponta do esquema. As investigações
prosseguem agora para apurar lavagem de dinheiro e outros inúmeros delitos
praticados pela quadrilha. Essas pessoas explorando os cidadãos de bem,
auferindo lucro com essa atividade criminosa, adiquiriam veículo de luxo para
si, para utilzação pessoal, mas a polícia atenda a isso, agora vai em cima do
patrimônio dessa quadrilha para evitar que esses criminosos tenham vantagem com
a atividade ilícita por eles praticados. Essa repressão é muito importante para
que o crime não seja vantajoso", disse Ferrando.
Por Leslie Leitão e Mônica Teixeira, RJTV
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