© REUTERS Rodrigo
Maia no dia 5, em Brasília.
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Nos últimos
dois meses o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou por
uma transformação. De ferrenho parlamentar defensor do Governo Michel Temer (PMDB-RJ),
ele se tenta se transformar em um deputado neutro. Alçado ao principal posto de
sua carreira com o apoio intenso da gestão peemedebista, Maia tem demonstrado
irritação com seus antigos apoiadores, principalmente com os ministros
Eliseu Padilha e Moreira Franco, este que é padrasto da mulher dele. Após uma
série de rusgas, o objetivo do deputado é passar a imagem de que é capaz de
confrontar o Executivo quando necessário, de que não articula a favor de um
presidente que responde a duas denúncias criminais e, principalmente, de que
quer votar todas as medidas econômicas que ajudem o país a deixar de vez a
crise.
Essa mudança de
perfil tem como pano de fundo a eleição de 2018. Com o cenário eleitoral
embaçado, sem a certeza de quem terá capacidade jurídica de se candidatar do
lado do PT, com a falta de consenso entre o PSDB, a ausência de um nome forte
do PMDB, Maia surge como uma alternativa. Já foi procurado por profissionais do
mercado financeiro que lhe pediram para que pensasse em apresentar seu nome em
uma chapa presidencial. Seja como presidente ou vice. Quando questionado sobre
o assunto, no entanto, sua resposta imediata é a de que será candidato a duas
reeleições. Primeiro a deputado por seu Estado e, caso tenha sucesso,
concorrerá novamente à Presidência da Câmara. O que estiver fora desse
contexto, diz ele, são rumores.
Candidaturas de
neófitos em alguns cargos costumam ser testadas exatamente dessa maneira.
Primeiro, alguém lança um balão de ensaio, como foi feito agora com Maia.
Espera a reação de diversas áreas, econômica, política, social. E só depois
oficializa-se ou não a candidatura.
Dentro do
Democratas, o nome de Maia é visto como uma alternativa para sair da sombra do
PSDB, na qual entrou nos anos do Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
e de onde até hoje não saiu. O deputado ainda não é o primeiro da fila. O
objetivo inicial é tentar convencer o prefeito paulistano João Doria (PSDB)
a mudar para o DEM e ser o cabeça de chapa. Como essa ainda é uma hipótese
remota, a alternativa Maia não foi descartada.
Um aliado do
deputado, que rompeu recentemente com Temer e tem acompanhado as movimentações
de bastidores, diz que o presidente da Câmara não é o tipo de pessoa que fecha
portas. “O Rodrigo deixa todas as portas encostadas. Sabe-se lá quando vai
precisar abrir uma delas novamente”, falou em tom de brincadeira.
As polêmicas
Os embates mais
recentes de Maia ocorreram no decorrer desta semana. O deputado reclamou da
postura do Governo Temer de esvaziar uma sessão em que seriam votadas medidas
provisórias que beneficiariam o Banco Central. O esvaziamento ocorreu porque o
Planalto queria manter ativa a reunião da Comissão de Constituição e Justiça
onde estava sendo lido o relatório que pedia o arquivamento da segunda
denúncia criminal contra o presidente. Se a votação ocorresse no plenário,
a reunião da CCJ seria suspensa e a tramitação da denúncia prolongaria por mais
alguns dias. A expectativa é que a votação desse relatório ocorra na próxima
terça-feira.
Como resultado
do esvaziamento da sessão Maia, disparou: “O Governo errou. Trabalhar para
derrubar uma medida provisória é um desrespeito com a Câmara dos Deputados”.
Além disso, já comunicou à gestão Temer de que só colocará novas medidas
provisórias para votar depois que a Câmara analisar uma proposta de emenda
constitucional que altera a maneira desses artifícios tramitarem no
Legislativo.
Antes dessa
queixa, o deputado democrata já havia reclamado que ministros de Temer estavam
dando “facadas nas costas” de seu partido – no episódio em que
peemedebistas passaram a negociar filiação de políticos que estavam apalavrados
com o DEM – e participou de ao menos duas reuniões com senadores e deputados da
oposição cuja a pauta principal era a falta de compromisso do Governo com os
acordos firmados com os parlamentares.
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