A policial Saroj Chodhuary fala sobre números
telefônicos
de ajuda para mulheres em um parque em
Jaipur, na Índia,
em
foto de 14 de junho (Foto: Chandan Khanna/AFP)
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Unidade composta exclusivamente
por mulheres foi criada em maio na cidade de Jaipur. Quase 50 integrantes
patrulham perto dos lugares onde os riscos são mais altos.
Mulheres policiais percorrem de moto as ruas de Jaipur, cidade turística
do noroeste da Índia, com walkies-talkies, câmeras e cassetetes para impor a
lei em um país onde ocorrem 40 mil estupros por ano.
Conhecida pelos seus palácios e fortes, a capital do estado indiano de
Rajastão criou em maio uma unidade especial composta unicamente por mulheres.
Desde então, suas quase cinquenta integrantes patrulham perto dos pontos
de ônibus, parques e universidades, os lugares onde os riscos de estupro são
mais altos.
Na Índia, onde as autoridades costumam tratar os assédios e as agressões
sexuais de forma superficial, essas policiais querem impor a ordem.
"A mensagem que queremos enviar é que não há nenhuma tolerância com
os crimes contra as mulheres", explica Kamal Shekhawat, a responsável
desse unidade.
O país apresenta um balanço lamentável em relação à violência sexual, e
os especialistas acreditam que as estatísticas oficiais sobre estupros são só a
ponta do iceberg e que a maioria dos casos não são denunciados.
A polícia nacional é amplamente masculina, com apenas 7% de mulheres
entre seus membros.
Para os ativistas que tentam combater a violência sexual, isso dissuade
as vítimas de denunciar as agressões, porque se sentirão julgadas por sua
aparência, seu comportamento, e em alguns casos são acusadas de ter provocado o
estupro.
Membros de uma patrulha formada por policiais
femininas
são vistas durante o trabalho na cidade de
Jaipur, na Índia,
em 14 de junho (Foto: Chandan Khanna/AFP)
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A vergonha vinculada às agressões sexuais em uma sociedade profundamente
patriarcal, assim como o medo às represálias, também contribuem para que as
mulheres não denunciem os autores desses crimes.
As policiais de Jaipur esperam que o caráter exclusivamente feminino da
sua unidade permita que algumas vítimas rompam seu silêncio. "As mulheres
na polícia são mais empáticas. As vítimas se sentem com mais confiança e podem
se expressar com maior liberdade diante elas", explica Shekhawat.
Caratê
Em um parque de Jaipur, a agente Saroj Chodhuary desce da sua lambreta e
se apresenta a um grupo de mulheres vestidas com sári.
"Podem nos ligar ou inclusive nos enviar uma mensagem por Whatsapp e
chegaremos logo", diz a elas. "Sua identidade não será revelada, de
modo que podem se sentir livres para apresentar uma denúncia. Se alguém as
assediar por telefone ou as incomodar, nos informem", acrescenta.
Sua presença parece impressionar o pequeno grupo, no qual várias mulheres
começam a compartilhar suas próprias experiências em termos de assédio.
Radha Jhabua, uma mãe de 24 anos, diz que quis denunciar um vizinho que a
seguia, mas seu marido a dissuadiu porque temia que isso desse má reputação à
sua família. "Me pediu que ficasse calada e esperasse ele mudar de
comportamento", conta.
A policial Saroj Chodhuary é vista durante o
trabalho em
Jaipur, na Índia, em foto de 14 de junho
(Foto:
Chandan Khanna/AFP)
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Para cumprir sua missão, todas as policiais da unidade tiveram três meses
de formação em artes marciais. "Nos ensinaram a dirigir uma lambreta e a
fazer movimentos de caratê e de defesa pessoal porque, às vezes, alguns
desordeiros podem nos ameaçar fisicamente. Nossa própria segurança é
primordial", diz Saroj Chodhuary.
O problema da violência sexual no país de 1,25 bilhão de habitantes
chamou a atenção mundial com o estupro coletivo de uma estudante de 23 anos em
2012 em Nova Délhi.
Após aquele caso, a Índia reforçou sua legislação contra as agressões
sexuais e acelerou os processos judiciais para esse tipo de delitos. As
autoridades também decidiram contratar mais mulheres na polícia, com o objetivo
de que estas representem um terço dos funcionários.
Unidades especiais como a de Jaipur "são uma boa decisão",
opina Ram Lal Gujar, morador dessa cidade. "Quando um homem é preso por
essas mulheres, os demais se assustam. Vão ter que mudar seu
comportamento", assegura.
Por France Presse
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