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Santos Rodrigo Rocha Loures após delações da JBS
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No relatório parcial do inquérito
contra o presidente Michel
Temer (PMDB) e o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir das delações premiadas da JBS, a Polícia
Federal desvenda a identidade de “Edgar”, uma das
pessoas indicadas por Rocha Loures ao diretor de relações institucionais da
empresa, Ricardo Saud, como possíveis operadores dos
pagamentos da empresa. No documento, a PF afirma que as evidências colhidas na
investigação apontam “com vigor” a prática de corrupção passiva pelo
presidente e o deputado da mala.
Segundo o relatório da PF,
trata-se de Edgar Rafael Safdié, definido no documento como
“empresário atuante no setor imobiliário, financeiro e de participações”. Filho
do banqueiro Edmundo Safdié, falecido no ano passado, Edgar foi
executivo do Banco Cidade, fundado por seu pai e vendido ao Bradesco em 2002,
passou quatro anos na vice-presidência do Banque Safdié, vendido ao banco
israelense Leumi em 2011, e é sócio da Latour Capital do Brasil, aberta em
2006.
Em diálogo gravado com Saud, Rocha
Loures afirma que Edgar era uma das alternativas viáveis à coleta do dinheiro
de propina da JBS porque os outros operadores não poderiam encarar a
empreitada. “Então, vamos fazer o seguinte. Eu vou verificar com o Edgar, se o
Edgar… tem duas opções. Ou o (ininteligível) ou o (teu xará)”, propôs o
ex-assessor presidencial a Saud.
“Percebe-se que Rodrigo da Rocha
Loures conversa com desenvoltura sobre as possibilidades operacionais,
apresentado o nome de ‘Edgar’ como alternativa para figurar coma operador
financeiro no esquema, sob a justificativa de que ‘outros caminhos estão congestionados’.
Ao que tudo indica, Rodrigo referiu-se a outros operadores que, por algum
motivo, não poderiam suportar a incumbência de que tratavam naquele momento”,
diz o relatório da PF.
O “xará” citado por Rocha Loures
como outra opção à operação dos pagamentos ilícitos é Ricardo Mesquita,
executivo da empresa de terminais portuários Rodrimar, alternativa que, no
entanto, não empolgou Saud. “O problema é o seguinte. Que… a gente já fez muito
negócio lá com o Ricardo e com o Celso”, explicou o delator, em referência a
Mesquita e Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar.
Entre Mesquita e Edgar, Saud
ponderou a Rocha Loures que ficaria mais “confortável” caso o segundo fosse
encarregado de recolher o dinheiro da empresa. Ele chegou a sugerir que o
operador fosse à Germinare, escola do grupo J&F, em São Paulo, com um
isopor às mãos e dissesse que estava ali para buscar carne. “Tem vez que ele
pode até levar uma caixa de isopor, tá buscando carne, entendeu? ‘E minha carne
aí?’ Tal… muita gente faz isso. Eu acabo pondo umas picanhas mesmo por cima
assim”, sugeriu, descrevendo como os valores seriam alocados.
Caso o “chefe” confiasse em
Ricardo Mesquita e Celso Grecco, contudo, Saud disse que “não tem problema
nenhum”.
“Rodrigo da Rocha Loures foi
insistente ao frisar que submeteria aquelas possibilidades operacionais à
apreciação de alguém, para que, após a aquiescência, pudessem definir o modo de
repasse. Nesse aspecto, as intervenções de Ricardo Saud na conversa, aludindo
duas vezes a “presidente” – sem ter sido refutado por Rodrigo – dão azo à
hipótese de que a pessoa a quem Rodrigo da Rocha Loures faria a consulta seria
o presidente da República, Michel Temer, sem prejuízo de, em outros momentos,
ter feito menções à necessidade de falar previamente com o próprio ‘Edgar’”,
pondera o inquérito.
Em seu depoimento aos
investigadores, Edgar Safdié admitiu que mantém uma relação “de longa data” com
Loures e que esteve com ele em São Paulo no dia 23 de abril, véspera da
conversa com Saud em que seu nome foi sugerido como possível operador dos
pagamentos.
O empresário negou no depoimento
aos investigadores que tenha recebido dinheiro ou tido qualquer participação
nos ilícitos envolvendo a JBS. A defesa de Edgar Safdié afirma que ele nunca
teve contato com Loures sobre pagamentos ou recebimento de dinheiro.
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