Joias
apreendidas na manhã desta sexta-feira na
casa de Nusia (Foto: Reprodução)
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Objetivo da operação era
localizar 149 joias, de um total de 189 peças que teriam sido compradas pelo
casal para lavar dinheiro de corrupção.
A Polícia Federal apreendeu pelo
menos 15 joias em endereço ligados a Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador
do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB),
na manhã desta sexta-feira (23). A ação é um aprofundamento da Lava Jato. O
objetivo da operação era localizar 149 de um total de 189 joias que teriam sido
compradas para lavar dinheiro de corrupção.
Os agentes vasculharam o
apartamento da cunhada do ex-governador, em Ipanema, Zona Sul do Rio, por mais
ou menos uma hora e meia. Foi a própria Nusia Ancelmo quem recebeu os policiais
federais. A PF já sabe que algumas joias apreendidas foram compradas por
Adriana e teriam sido dadas de presente a uma sobrinha, filha de Nusia.
Agora, os agentes querem descobrir
se as outras também pertencem à ex-primeira-dama ou se são da irmã dela, mas
foram pagas com dinheiro da propina.
Nusia era funcionária do Tribunal de
Contas do Estado (TCE-RJ), de onde pediu exoneração em dezembro do ano passado.
Ela era lotada, desde 2010, no gabinete do conselheiro Aloysio Neves Guedes,
que foi eleito presidente do TCE. A irmã de Adriana Ancelmo tinha um salário
bruto de R$ 17,2 mil.
Os agentes também fizeram buscas
no apartamento onde vive a ex-governanta de Adriana, Gilda Maria de Souza
Vieira da Silva, na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico.
De acordo com o Jornal
Hoje, a Polícia Civil recebeu informações de que a ex-governanta do casal
esteve em uma das joalherias da qual os patrões eram clientes e deixou uma
pulseira para avaliação. A Polícia Civil avisou à PF. Essa semana, Gilda
apresentou versões contraditórias sobre a origem da joia.
Além da pulseira, ela entregou à
polícia um par de brincos, que seriam da ex-primeira-dama. Os policiais não
encontraram nada no apartamento dela, mas a busca continua.
Se o ex-governador e Adriana
Ancelmo forem condenados, as joias apreendidas serão leiloadas e o dinheiro
será devolvido aos cofres públicos.
Ex-governador está preso há 7
meses
Cabral está preso desde novembro
do ano passado, quando foi alvo da Operação Calicute. Até então, as
investigações tinham levado à apreensão de 40 joias no apartamento do
ex-governador, que foram avaliadas em R$ 2 milhões.
Segundo as investigações, joias e
pedras preciosas compradas pelo casal são, sim, prova de crime. Adriana e
Sérgio gastaram mais de R$ 11 milhões em joalherias, e a maioria das peças
ainda não foi encontrada.
Adriana chegou a ser presa em dezembro do ano passado, por ordem
do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. No
despacho, o magistrado citou o fato de 149 das 189 joias que foram compradas
pelo casal não terem sido localizadas como um dos motivos para a prisão.
"Embora as investigações
tenham identificado registros nas joalherias investigadas de que Sérgio Cabral
e Adriana Ancelmo adquiriram pelo menos 189 joias desde o ano 2000, somente 40
peças foram apreendidas pela Polícia Federal por ocasião das buscas e
apreensões, as quais foram encontradas no cofre do quarto da residência do
casal", afirmou o magistrado.
A ex-primeira-dama ganhou o
direito a cumprir prisão
domiciliar no fim de março. Desde então, ela está no apartamento no
Leblon onde vivia com o ex-governador.
Outro processo
Neste mês, Adriana foi
absolvida pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba, em processo sobre lavagem de
dinheiro e corrupção. O Ministério Público diz que vai recorrer e já apresentou
nova denúncia.
Nessa ação, o marido de Adriana
foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão por ter usado o cargo de governador
para pedir e receber vantagem indevida. Segundo a sentença, o grupo comandado
por ele recebeu propina do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas
Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. Cabral recebeu R$ 2,7 milhões do
esquema.
Segundo Moro, não havia prova
suficiente de autoria ou participação de Adriana Ancelmo nesse esquema.
"Ela beneficiou-se da propina, pois utilizou os recursos provenientes da
corrupção para aquisição de bens." Mas, ainda de acordo com o juiz, a
ex-primeira-dama disse que não cuidava das compras e que a responsabilidade foi
assumida por Cabral. Na denúncia que deu origem a esse processo, investigadores
apresentaram notas de compras de móveis de escritório, vestidos de festas e
ternos.
Por Cristina Boeckel, G1 Rio
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