© Dida
Sampaio/Estadão O presidente Michel Temer
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BRASÍLIA - O presidente Michel
Temer entrou com dois processos na Justiça contra o empresário Joesley Batista,
um por danos morais e outro por difamação, calúnia e injúria. Para a defesa do
peemedebista, o executivo agiu por “ódio” para prejudicar Temer e “se salvar
dos seus crimes”.
Temer decidiu processar Joesley
após ele dizer, em entrevista à revista Época, que o presidente
liderava a "maior organização criminosa do país".
Nos processos, que são
praticamente idênticos, a defesa do peemedebista afirma que Joesley “passou a
mentir escancaradamente e a acusar outras pessoas para se salvar dos seus
crimes” e acusa o empresário de ser "o criminoso notório de maior sucesso
na história brasileira", já que conseguiu um acordo de delação premiada
que o permite ficar em liberdade e morar no exterior.
Sem citar os governos do PT, o
documento afirma que é preciso “rememorar os fatos” de que o Grupo J&F, da
qual Joesley é acionista, recebeu o primeiro financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2005, “muito antes” de Temer
chegar ao Palácio do Planalto. Para eles, “os reais parceiros de sua (Joesley)
trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo, as conversas
realmente comprometedoras com os sicários que o acompanhavam, os grandes
tentáculos da organização criminosa que ele ajudou a forjar ficam em segundo
plano, estrategicamente protegidos”, dizem os processos.
A defesa também diz ser
“esdrúxulo” o fato de Joesley, “de uma hora para outra”, passar a incorporar o
papel de um empresário “sério e indignado com a corrupção” e esquecer que foi
“a corrupção que o tornou um grande empresário”.
O advogado de Temer também afirma
que os empresários ligados à JBS tinham “milhões de razões para terem ódio” de
Temer, porque o governo, por meio do BNDES, impediu a transferência de
domicílio fiscal do grupo J&F para a Irlanda, em outubro de 2016. “(Isso
seria) um excelente negócio para ele, mas péssimo para o contribuinte
brasileiro. Por causa dessa decisão, a família Batista teve substanciais perdas
acionárias na Bolsa de Valores e continuava ao alcance das autoridades
brasileiras.”
No processo, a defesa argumenta
ainda que “a malsinada entrevista tem uma carga excessivamente política”, pois
coincide com o julgamento que ocorrerá esta semana no Supremo Tribunal Federal
que pode, ao menos em tese, comprometer a validade da homologação da delação
dos empresários do grupo.
Por fim, o advogado sustenta ainda
que Temer “é homem honrado, com vida pública irretocável, respeitado no meio político”
e que, “durante toda a vida pública, nunca, jamais, sofreu qualquer condenação
judicial, ou mesmo foi acusado formalmente de ter obtido qualquer vantagem
indevida”.
As duas ações são assinadas pelo
advogado do PMDB, Renato Oliveira Ramos. Temer se reuniu com ele na manhã desta
segunda-feira, 19, antes de embarcar para viagem de cinco dias para a Rússia e
Noruega, para fechar os últimos detalhes.
Os processos não estabelecem um
valor de indenização. A ideia do presidente, caso consiga ganhar as ações na
Justiça, é doar os valores referentes a elas a uma instituição da caridade.
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