Empresas que
fazem parte do Consórcio Rodoanel
(Foto: TV
Globo/Reprodução)
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Em depoimento ao juiz federal
Sérgio Moro, Léo disse que pagamento foi para a WTorre desistir da licitação
que tinha acabado de ganhar.
O ex-presidente da construtora OAS
Léo Pinheiro disse nesta quarta-feira (21), em Curitiba, que o consórcio que
construiu um dos lotes do Rodoanel usou o contrato com o governo de São Paulo
para fraudar a concorrência pública de uma obra da Petrobras no Rio.
Em depoimento ao juiz federal
Sérgio Moro, Léo disse que o Consórcio Rodoanel pagou R$ 18 milhões para a
WTorre desistir da licitação que tinha acabado de ganhar no Rio de obra do
Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, o Novo Cenpes.
Como a WTorre ofereceu o menor
valor pela obra no Rio, por lei seria a vencedora da licitação. Mas saiu da
jogada pouco tempo depois, sem dar explicações. O Novo Cenpes, porém, acabou
sendo construído por um consórcio formado por cinco empreiteiras: OAS, Carioca
Engenharia, Schahin,Construbras e Construcap. Segundo
investigação da Lava Jato, para ganhar a licitação, o consórcio pagou mais de
R$ 20 milhões em propina a funcionários do alto escalão da
Petrobras.
Segundo Léo, a empresa recebeu os
R$ 18 milhões para desistir da licitação carioca e não prejudicar as
empreiteiras do cartel que atuava na Petrobras. Duas delas, a OAS e a Carioca
Engenharia, faziam parte do consórcio do Rodoanel. A terceira integrante é a
Mendes Junior.
“Foi feito um contrato com uma das
empresas do grupo WTorre numa obra em que nós estávamos em consórcio com a
Carioca e Mendes Júnior, a obra do Rodoanel Sul, em São Paulo", disse Léo
a Moro. "Esse contrato foi feito, um contrato de locação e aluguel de
equipamentos, e foram pagos em, não sei se oito ou dez parcelas, e esses
pagamentos são todos comprovados com notas fiscais e os pagamentos feitos."
Contrato no Rodoanel
Segundo o ex-presidente da OAS, a
compensação ocorreu na obra do trecho Sul do Rodoanel. “Foi feito um contrato
nessa obra do Rodoanel Sul e um contrato fictício, porque não houve realização
de serviço”, disse a Moro. O esquema ocorreu no lote cinco, que liga a Rodovia
Régis Bittencourt à cidade de Mauá, no ABC.
Questionado por Moro sobre quem
arcou com o custo dos R$ 18 milhões, o ex-presidente da OAS respondeu: “Eu não
tenho essa informação precisa, mas na época o que me foi chegado ao
conhecimento é que isso seria rateado pelas oito empresas. Cinco que faziam
parte do Novo Cenpes e três que faziam parte do Centro Integrado de
Processamento de Dados. Essa informação eu não tenho muita segurança, doutor.
Mas era o que me foi comunicado naquele momento”.
Os recibos e comprovantes dos
pagamentos foram apresentados à Justiça por Léo. O primeiro é de março de 2008,
no valor de R$ 180 mil. O último é de julho de 2009, no valor de R$ 490 mil. O
ex-executivo também apresentou o contrato da prestação de serviço: "locação
de equipamentos sem operador", firmado em setembro de 2007.
Os detalhes da negociação também
aparecem no depoimento do engenheiro Olímpio Eugênio Silva, que trabalhava na
Carioca Engenharia. Ele disse ao Ministério Público que "foi durante uma
reunião periódica da diretoria do consórcio que o representante da OAS, Carlos
Henrique Barbosa Lemos, comunicou a contratação da WTorre para a execução dos
serviços de terraplanagem". Ele acrescentou que "mesmo se a WTorre
não tivesse realizado todo o trabalho [de terraplanagem], os valores eram pagos
como se ela tivesse realizado."
A produção do SP2 procurou a
Dersa, empresa controlada pelo governo do estado que contratou o consórcio, que
enviou fotos do canteiro de obras do lote 5. A Dersa diz que não há registro de
equipamentos da WTorre no local e garantiu que a obra foi feita e que o valor
pago ao final não gerou prejuízo ao estado.
O que dizem as empreiteiras
Em nota, o Grupo WTorre afirma que
“já prestou os devidos esclarecimentos às autoridades competentes”.
A carioca engenharia disse que não
vai comentar o caso, mas segue colaborando com a Justiça.
A produção do SP2 não localizou
nenhum representante da Schahin Engenharia. As outras empreiteiras contatadas
não se pronunciaram.
Por G1 SP
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