A origem da macabra prática de tribo sul-americana de encolher a cabeça de seus inimigos | Rio das Ostras Jornal

A origem da macabra prática de tribo sul-americana de encolher a cabeça de seus inimigos

Processo podia fazer com que cabeça encolhesse para
um quinto do tamanho original (Foto: Museu Mutter)
Os Shuar foram um dos poucos povos indígenas que resistiram à conquista espanhola, mas ficaram famosos pela crença de que podiam 'roubar' espírito dos inimigos.
A tribo indígena Shuar, na região amazônica hoje pertencente a Equador e Peru, foi uma das poucas que os conquistadores espanhóis não conseguiram subjugar quando chegaram à América do Sul, no século 16.
Mas não é o espírito aguerrido desses índios que desperta a curiosidade popular e acadêmica. Os Shuar são mais conhecidos pela tradição de encolher cabeças.
Na verdade, embora outras tribos do mundo constumassem decapitar inimigos, os Shuar são uma das únicas comunidades do mundo que a reduziam de tamanho.
A tribo ainda existe, mas o ritual caiu em desuso depois de proibido pelos governos peruano e equatoriano nos anos 50 e 60, respectivamente.
Mas por que os Shuar faziam isso? E que técnica usavam para criar uma tsantsa (o nome que davam às cabeças reuduzidas).
'Vivos depois de mortos'
Um conceito-chave para entender as motivações do Shuar é que eles acreditam na vida depois da morte. Um inimigo morto permanecia vivo dentro de sua cabeça.
Eles acreditavam que, ao decapitar e encolher a cabeça do inimigo, o vencedor se apoderava do espírito do vencido.
"A ideia era aprisionar o espírito para evitar que se vingasse da morte do guerreiro vencido", conta Tobias Houlton, antropólogo da Universidade Witwatersrand, em entrevista à BBC Mundo, o serviço da BBC em espanhol.
"O objetivo do encolhimento era escravizar o espírito, não destruí-lo".
Receita de encolhimento
Uma vez cortada a cabeça, os Shuar retiravam a pele do crânio e depois sacavam olhos, músculos e gordura da cabeça.
O passo seguinte era fechar orifícios e cozinhar a pele em água de rio em uma cabaça durante meia hora. Mas sem deixar que a água fervesse.
"Se isso acontecesse, havia o risco de que a pele partisse e o cabelo se desprendesse", explica Houlton.
"Quando retiravam a pele da cabaça, ela já tinha encolhido a um terço de seu tamanho original".
Dali, recolocavam a pele no crânio e montavam uma espécie de forno usando pedras e areia quentes. O calor reduzia a cabeça a um quinto de seu tamanho.
Os índios esfregavam cinzas na pele, o que dava uma tonalidade muito mais escura, e decoravam a cabeça com uma série de objetos, de penas a carcaças de besouros e conchas.
"Os orifícios tinham que ficar tapados para evitar que os espíritos fugissem", explica Anna Dhody, curadora do Museu Mütter, na Filadélfia (EUA).
As cabeças ganhavam ainda cordões, para serem usadas como talismãs.
Poder temporário
E todo esse trabalho tinha que ser repetido a cada ano e meio ou dois, pois os Shuaras acreditavam que os talismãs perdiam o efeito após este período.
Os sinais de diminuição de poder do espírito podiam vir de colheitas ruins ou da queda de fertilidade das mulheres da tribo.
"Uma vez que os amuletos perdiam o poder espiritual, os Shuar perdiam todo o o interesse em conservá-las", contou Houlton.
Por isso é que as cabeças, então, eram trocadas em transações com os exploradores europeus.

Por BBC
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