© Marcos
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A já esperada grita por parte de
senadores de oposição não conseguiu impedir, nesta terça-feira, o avanço da
reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Em uma sessão
tumultuada, com direito a bate-boca, dedos em riste e suspensão dos trabalhos,
o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) apresentou o relatório final da matéria,
passo necessário para permitir que o texto continue avançando e chegue ao
plenário.
A sessão se arrastou por sete
horas e acabou suspensa após o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não aceitar a
derrota na votação de um requerimento que adiaria a leitura do parecer e, sem
mais artimanhas regimentais, partiu para cima do relator Ferraço e do
presidente do colegiado, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). “Eu estou
profundamente chocado”, disse Tasso, após o episódio. Apesar da confusão, ele
deu o relatório como lido, o que garante a tramitação da matéria conforme o
calendário planejado.
A apresentação do parecer, uma
medida que seria apenas protocolar, traz um certo alento ao presidente Michel
Temer, que entrou no centro da Operação Lava-Jato na semana passada com as
explosivas delações feitas por executivos do grupo JBS. A sessão desta
terça-feira era considerada o primeiro teste de fogo de Temer após a denúncia
de ter dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e
indicado um aliado para negociar o pagamento de propinas. Acuado, Temer tenta
impor um ritmo de normalidade no Congresso.
A delação da JBS foi o primeiro
assunto discutido na sessão, quando o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) – sempre
ele – questionou o episódio da última quarta-feira, dia em que as primeiras
denúncias da JBS começaram a ser divulgadas. O presidente do colegiado, Tasso
Jereissati (PSDB-CE), porém, sustentou que o momento é “gravíssimo” e que há
uma “crise profunda” no país, mas que isso deve estimular os trabalhos
parlamentares como um gesto de que o país “não está totalmente à deriva”. Tasso
assumiu na última semana o comando do PSDB, após o então presidente do partido,
senador Aécio Neves (MG), ser afastado por também cair no grampo da JBS em meio
a conversas nada republicanas. Ele mantém, ao menos por ora, o partido como
aliado do governo Temer.
O relator Ricardo Ferraço chegou a
anunciar na semana passada que a tramitação das novas regras da lei trabalhista
estaria suspensa. Nesta manhã, ele recuou e disse que não poderia parar os
trabalhos por causa da crise política. “Nós não estamos de recesso”, afirmou. O
tucano, por outro lado, não fez previsões de quando o projeto será analisado em
plenário. O texto, se não houver nenhuma mudança no rito, deve tramitar em
outras duas comissões – a de Assuntos Sociais e a de Constituição e Justiça. A
matéria pode ser votada na CAE na próxima semana.
VEJA.com
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