Presidente anunciou nesta
segunda expansão de milícia formada por civis armados para 500 mil membros.
Oposição promete 'mãe de todas as marchas' na quarta para exigir eleições e
respeito à autonomia do Parlamento.
A dois dias de uma grande
manifestação contra o governo, o presidente Nicolás Maduro recebeu nesta
segunda-feira (17) a promessa de "lealdade incondicional" da Força
Armada, a qual a oposição acusa de ser a única que sustenta o chavismo no poder.
"A Força Armada Nacional
Bolivariana preserva sua unidade monolítica, granítica e ratifica sua lealdade
incondicional ao senhor presidente", disse o ministro da Defesa, Vladimir
Padrino López, em uma concentração militar liderada por Maduro nos arredores do
Palácio de Miraflores, a sede do governo.
Usando quepe, Maduro agradeceu o
apoio da cúpula castrense: "amor com amor se paga, lealdade com lealdade
se paga", disse ao iniciar seu discurso, no ato que homenageia a milícia
civil.
Cercado pelo alto comando militar,
o presidente socialista chegou a Miraflores em um jipe, em meio a milhares de
milicianos que o ovacionavam com o punho em riste.
Neste ato, Maduro anunciou a
expansão do corpo da milícia, formado por civis armados, para 500 mil membros.
"Aprovei com o ministro da
Defesa, Vladimir Padrino López, os planos para expandir a Milícia Nacional
Bolivariana para 500 mil milicianos e milicianas com todos os seus
equipamentos", declarou.
O presidente prometeu garantir por
meio da Força Armada "uma arma para cada miliciano, uma arma para cada
miliciana".
"Não é tempo de traidores,
não é tempo de traição, não é tempo de vacilantes; que cada qual se defina: se
estão com a pátria ou contra ela", advertiu Maduro ao se referir à
crescente tensão que o país vive, principalmente pelos protestos da oposição que
já acontecem há duas semanas.
Na noite de domingo, o presidente
ordenou que os militares desfilassem e saíssem às ruas nesta segunda-feira para
reafirmar a "união cívico-militar" com a qual governa a Venezuela e
para homenagear a milícia, criada há sete anos por Chávez.
As demonstrações de força ocorrem
na véspera da marcha que a oposição convocou para quarta-feira, quando é
comemorado o primeiro grito independentista venezuelano, a fim de exigir
eleições e respeito à autonomia do Parlamento.
A oposição promete que na quarta
ocorrerá "o início do fim" e "a mãe de todas as marchas",
mas o governo também assegura que neste dia encherá as ruas de Caracas.
Padrino López acusou nesta
segunda-feira o comando opositor de executar, com apoio de grupos da
"extrema direita" no exterior, uma "agenda criminosa" que
inclui "atos terroristas, distúrbios, roubos, vandalismo e diferentes
formas de violência".
Organização não governamentais
denunciaram uma "forte repressão", com bombas de gás lacrimogêneo,
balas de borracha e, inclusive, armas de fogo.
"A ação do Estado não pode
ser chamada de repressiva se visa a restituição da ordem pública",
respondeu Padrino López.
A Força Armada tinha amplo poder
durante o governo de Chávez, mas sua influência aumentou com Maduro.
"Chávez incorporou os
militares à gestão do governo e a tendência foi se aprofundando com Maduro.
Hoje temos mais do que um governo cívico-militar, [temos] um governo
militar-cívico", declarou à AFP o analista Luis Vicente León.
A Força Armada - que também luta
com os milicianos - conta com 165.000 efetivos e 25.000 na reserva. Ela controla
a produção e distribuição de alimentos básicos em grave escassez, além da
companhia petroleira, uma emissora, um banco, uma montadora de veículos e uma
construtora.
Para o analista Benigno Alarcón,
ao enfraquecer o apoio popular, o governo optou por manter o poder "pela
força" e "comprou a lealdade" dos militares.
Por France Presse
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!