Com 99,01%
das urnas apuradas pelo Conselho Nacional Eleitoral
(CNE), candidato governista Lenín Moreno (esq)
tem 51,16% dos
votos
válidos (Foto: Dolores Ochoa/AP)
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Com 99,01% das urnas apuradas
pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), candidato governista tem 51,16% dos
votos válidos.
O socialista Lenín Moreno venceu o
segundo turno das eleições de domingo (2) no Equador, mas o candidato opositor
de direita, Guillermo Lasso, denunciou "pretensões de fraude" no
resultado, antes de anunciar a intenção de "impugnar" a apuração.
A vitória do ex-vice-presidente e
candidato do atual presidente Rafael Correa representa um respaldo à abalada
esquerda latino-americana, assim como um alívio para o fundador do Wikileaks,
Julian Assange.
Moreno agradeceu as mensagens de
felicitação de governantes da região, onde países como Brasil, Argentina e Peru
deram uma guinada à direita.
"Obrigado aos presidentes
latino-americanos por suas ligações e mensagens de felicitação e afeto.
Fortaleceremos nossa integração!", escreve em sua conta do Twitter Lenín
Moreno, vítima de paraplegia desde que foi atingido por um tiro durante um
assalto em 1998.
Com 99,01% das urnas apuradas pelo
Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o candidato governista, aspirante pelo
movimento socialista Aliança País (AP), tem 51,16% dos votos válidos, contra
48,84% de Guillermo Lasso, ex-executivo do setor bancário e candidato pelo
partido Criando Oportunidades (CREO).
Com 99,01% das urnas apuradas,
Moreno tem 5.042.844 votos, contra 4.813.821 de Lasso. Faltando menos de 1%
para ser apurado, o candidato governista tem mais de 229 mil votos de vantagem.
O CNE tem prazo de 10 dias para
apresentar o resultado oficial definitivo.
Boca de urna
Pouco depois do fim do horário de
votação, dois institutos de pesquisa divulgaram bocas de urna com resultados
opostos e os dois candidatos reivindicaram a vitória, o que espalhou incerteza
no país.
Mas, com o avanço dos resultados
oficiais parciais que apontavam sua derrota por uma pequena margem, o opositor
Lasso, ex-presidente do Banco de Guayaquil, denunciou "pretensões de
fraude" e anunciou que os assessores legais de sua candidatura
"apresentarão no menor tempo possível todas as objeções" ante
eventuais irregularidades nas eleições.
Após a
divulgação dos resultados pela CNE, Lasso denunciou
'pretensões de fraude' nas eleições (Foto:
Henry Romero/Reuters)
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O CNE amanheceu com cercas e
proteção policial, depois que simpatizantes de Lasso protestaram no domingo à
noite contra a sede do organismo para exigir transparência na apuração.
Trinta dias para Lasso
O presidente venezuelano, Nicolás
Maduro, cujo governo é muito ligado a Correa, foi o primeiro líder
internacional a felicitar Moreno pelo "triunfo da revolução cidadã.
"O triunfo da Aliança País
marca a continuidade dos movimentos progressistas na América Latina, justo
quando a direita regional intensifica os ataques contra processos soberanos
como o que se vive na Venezuela", escreveu o jornal cubano Granma, ligado
ao regime comunista.
Em Londres, onde está asilado na
embaixada do Equador desde 2012, Assange, a quem Lasso ameaçou de expulsão,
celebrou o triunfo de Moreno.
"Convido cordialmente o
senhor Lasso que se retire do Equador nos próximos 30 dias (com ou sem seus
milhões offshore)", escreveu no Twitter o australiano, em referência às
acusações de pessoas ligadas ao governo de que o opositor tem contas em
paraísos fiscais.
Moreno, cujo partido obteve
maioria absoluta na Assembleia Nacional no primeiro turno de 19 de fevereiro,
herdará um país dividido politicamente, abalado pela prolongada queda do preço
do petróleo, muito endividado, com desemprego crescente e lato custo para o
consumidor.
Além disso, o socialista precisa
recuperar a confiança da classe média.
"Moreno enfrentará dois
desafios: começar seu governo com um desgaste forte e com uma situação
econômica de vacas magras", disse à AFP o cientista político Esteban
Nicholls, da Universidade Andina do Equador.
Walter Spurrier, presidente da
empresa de consultoria Spurrier, destacou que Moreno vai encontrar um
"problema fiscal muito importante", calculado entre 5% e 6%, em
consequência do disparo dos gastos públicos do governo.
"Terá que ver de que maneira
vai reduzir os custos de produção no país, porque o Equador se tornou um país
muito caro no entorno dos países que têm mesma produtividade.
Correa, que graças ao boom do
petróleo modernizou com seu "Socialismo do século XXI" um país com
fama de ingovernável, se uniu à celebração do triunfo de Moreno.
Depois de exibir um cartaz com a
frase "Correa vamos sentir sua falta", Moreno cantou várias músicas.
Correa subiu ao palanque e cantou
"Venceremos", antes de afirmar ao público: "O país fica em boas
mãos".
Por France Presse
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