João Santana
e Monica Moura fecharam acordo de delação
premiada com o MPF (Foto: Rodolfo
Buhrer/Reuters)
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Processo apura se o ex-ministro
recebeu propina para atuar a favor da empreiteira. O ex-marqueteiro do PT e a
mulher dele tiveram acordo de delação premiada homologado pelo STF.
O ex-marqueteiro do PT João
Santana e a mulher dele Mônica Moura, serão interrogados pelo juiz federal
Sérgio Moro, na tarde desta terça-feira (18), em ação penal da Lava Jato que
apura se o ex-ministro Antônio Palocci recebeu propina para atuar a favor da
Odebrecht. O casal teve o acordo de delação premiada homologado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) em 4 de abril.
João Santana e Mônica Moura foram
presos na 23ª fase da Lava jato e deixaram a cadeia em agosto do ano passado.
Os dois já foram condenados em outra ação da operação, pelo crime de lavagem de
dinheiro, a 8 anos e 4 meses de prisão cada.
Moro, que é responsável pelos
processos da Lava Jato na primeira instância, ouve os réus a partir das 16h
desta terça, na sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba.
Além de Palocci, estão entre os
réus o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque e o ex-presidente da Odebrecht S.A. Marcelo Odebrecht.
Os quatro estão presos no Paraná.
A acusação
O processo apura se Palocci
recebeu propina para atuar em favor do Grupo Odebrecht, entre 2006 e o final de
2013, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal. Segundo a denúncia
do Ministério Público Federal (MPF), o ex-ministro também teria participado de
conversas sobre a compra de um terreno para a sede do Instituto Lula, que foi
feita pela Odebrecht, conforme as denúncias.
A denúncia trata de pagamentos
feitos para beneficiar a empresa SeteBrasil, que fechou contratos com a
Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no pré-sal. O caso foi
delatado pelo ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco.
As investigações mostram que o
valor pago pela Odebrecht a título de propina pela intermediação do negócio chegou
a R$ 252.586.466,55. Esse valor foi dividido entre as pessoas que aparecem na
denúncia. Em troca disso, a empresa firmou contratos que, somados, chegaram a
R$ 28 bilhões.
As planilhas do Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht
No depoimento, Marcelo Odebrecht
disse ao juiz Sérgio Moro que sempre usou o codinome "Italiano" para
se referir a Palocci. O codinome apareceu em planilhas do Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht, apontado pela força-tarefa da Lava Jato como o
departamento de propinas da empresa. A relação entre o codinome e o político já
havia sido apontada em outros depoimentos, como do ex-executivo e delator
Márcio Faria que disse, várias vezes em depoimento, que Palocci era o Italiano
das planilhas.
Marcelo Odebrecht disse ainda que
o codinome “seminarista” se refere a Gilberto Carvalho. Carvalho é ex-chefe de
gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente do grupo também
falou em seu depoimento sobre o codinome "Feira". O apelido, segundo
ele, se refere ao marqueteiro João Santana.
Em uma análise preliminar de uma
agenda apreendida na residência da secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares,
em fevereiro de 2016, o juiz Sérgio Moro chegou a dizer que Feira poderia se
reportar a Mônica Moura porque ela era a responsável pela parte administrativa
e financeira das atividades do casal.
"Feira era o João Santana.
Tem algumas anotações minhas onde eu me refiro a Feira como campanha
presidencial da Dilma porque a maior parte era pra João Santana. Mas, na
prática, Feira, digamos assim, é João Santana", afirmou Marcelo.
Por Aline Pavaneli, G1 PR,
Curitiba
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