Filho do
ex-presidente do TCE conta como recebia propina
de
construtoras. Jonas disse que, ainda em 2014, foi chamado
pelo pai para organizar o recebimento dos
pagamentos ilícitos.
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Segundo Jonas Lopes Neto,
apesar de atrasos nas obras do metrô, dinheiro ilícito era pago em dia.
Tribunal de Contas do Município também cobrou propina, segundo informações do
RJTV.
É de conhecimento público que a
Linha 4 do metrô custou mais e demorou bem mais do que o planejado pra ficar
pronta. Houve atraso nas obras e faltou dinheiro, mas o pagamento da propina a conselheiros
do TCE, presos pela Polícia Federal, estava sempre em dia. Foi o que contou
o filho do ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Neto, em delação premiada. As
informações são do RJTV desta terça-feira (4).
Jonas disse que, ainda em 2014,
foi chamado pelo pai para organizar o recebimento dos pagamentos ilícitos.
Disse que o dinheiro veio das empreiteiras que construíram o metrô e das
empresas que participariam da despoluição das lagoas da Barra, que nem saiu do
papel.
O caixa ilegal foi pago, segundo
ele, por:
- Odebrecht: R$ 1 milhão, em 4 parcelas;
- Carioca Engenharia: R$ 450 mil, em três vezes;
- Andrade Gutierrez: R$ 400 mil, em duas parcelas;
- OAS: entre R$ 100 e R$ 150 mil;
- Querioz Galvão: R$ 600 mil.
As quantias são apenas as que ele
diz que pegou. Jonas Lopes Neto fala de um outro pagamento, relatado por um
funcionário da empresa: R$ 750 mil por mês, por um período que não sabe
especificar – dinheiro destinado ao TCE.
A Olimpíada passou, os pagamentos
ficaram em outras áreas. Jonas Lopes Neto também contou que, no ano passado,
recebeu da União Norte Engenharia R$ 145 mil exclusivamente para o pai, o então
presidente do TCE. O valor era correspondente a 5% de uma obra que foi acertada
com o Governo do Rio ou com o deputado Jorge Picciani, ele diz.
O delator disse também que haveria
a entrega de outas parcelas, até o total de R$ 700 mil, e que essas tratativas
ocorreram com o presidente do DER no Rio, que seria a pessoa ligada ao deputado
Jorge Picciani.
Jonas Lopes Neto também falou do
apetite por mais propina dentro do TCE. Segundo ele, depois da pressão de
conselheiros do tribunal sobre a relação do pai com Arthur Soares, dono do
Grupo Facility, um dos maiores prestadores de serviços do estado, o então
presidente do TCE teria ajustado com o empresário o pagamento de R$ 120 mil
mensais destinado aos conselheiros.
Jonas Lopes Neto disse que ia até
a casa de alguns conselheiros para entregar o dinheiro. No caso de Marco
Antonio de Alencar, entregou quantias em dinheiro do acerto ao TCE no
estacionamento do clube Hípica Brasileira. Disse também que acredita que Marco
Antonio alencar guardava o dinheiro ali, e supõe que possa ter escondido os
valores no local.
Acusação também contra o TCM
Além de conselheiros do TCE,
presos pela Polícia Federal, o Tribunal de Contas do Município (TCM) do Rio
também foi acusado em delação premiada de receber pagamentos indevidos para
fazer vista grossa em obras públicas.
A engenheira Luciana Salles Parente
trabalhava na Carioca Engenharia, que fez um acordo de leniência – a delação
das empresas. Ela contou que havia solicitação de pagamento de vantagens
indevidas pelo TCM de 1% sobre o valor do contrato, que era de R$ 500 milhões.
A notícia foi publicada pelo jornal O Dia e confirmada pelo RJTV.
O RJTV teve acesso ao documento
com exclusividade. Luciana diz que tomou conhecimento da exigência de pagmento
por meio de Antonio Cid Campelo, da OAS, que ele chegou a mencionar o nome da
pessoa do Tribunal de Contas do Município, que teria feito as exigências, mas
não se recorda do nome.
Ela conta que o secretário
municipal de Obras do Rio, Alexandre Pinto, também exigiu 1%. E que outros 3%
iriam para a equipe de fiscalização da obra e 1%, para o Ministério das
Cidades. Segundo Luciana, desses valores, o único que foi pago integralmente
foi referente ao Ministério das Cidades.
Os outros receberam só metade.
Luciana, que era diretora operacional da obra da Transcarioca e fazia parte do
conselho do consórcio formado também pelas empresas OAS e Contern, revelou que
o dinheiro foi gerado por superfaturamento dos contratos e que a propina era
paga em dinheiro vivo. Segundo ela, no total, foram R$ 2 milhões.
O dinheiro fácil gerava disputas.
No TCE, Jonas Lopes Neto diz que o controle dos recursos ganhos de forma
ilícita era precário. E que ele acha que eram assim porque havia desvios por
parte dos envolvidos na coleta e distribuição da propina.
'Cadê meu dinheiro?'
Em um episódio, havia a suspeita
de que Marcelo Santos Amorim, que é casado com uma sobrinha do governador Luiz
Fernando Pezão, teria retido indevidamente parte do dinheiro devido em propina
cobrada de fornecedores de alimentos.
Na delação, o ex-presidente do TCE
afirma que chegou a receber em seu celular, por um aplicativo de troca de
mensagens, um áudio enviado pelo conselheiro José Gomes Graciosa com uma
marchinha, feita para Pezão, com o refrão: "Cadê meu dinheiro?", como
mostrou reportagem o G1.
O Tribunal de Contas do Município
afirmou que não conhece nem nunca viu Luciana Parente ou Antonio Cid Campelo.
Disse ainda que jamais foi procurado, durante toda sua gestão, por empresas
interessadas em pagar propina.
O presidente do TCM afirmou que
foram feitas 25 visitas técnicas na obra da Transcarioca. Em uma delas, segundo
o TCM, foi constado o uso irregular de um guindaste em balsas pelo consórcio
construtor, o que gerou um cancelamento de pagamento de mais de R$ 6 milhões. O
RJTV não conseguiu falar com os outros citados na reportagem.
Por RJTV
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