Parente de
uma das vítimas reage após a explosão de uma
bomba em uma igreja durante a celebração do
Domingo
de Ramos em
Tanta, no Egito - 09/04/2017
(Mohamed Abd
El Ghany/Reuters)
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Após ataques que deixaram 44
mortos neste domingo, famílias cristãs se revoltam e acusam governo de não ser
capaz de protegê-las
Cristãos do Egito choraram e
demonstraram indignação nesta segunda-feira enquanto retiravam os corpos de
familiares e amigos mortos em duas explosões de bombas em igrejas.
No necrotério do hospital da
Universidade de Tanta, famílias desesperadas tentavam entrar para procurar seus
parentes mortos. Forças de segurança contiveram os familiares para evitar a
superlotação, o que enfureceu a multidão.
“Por que vocês estão nos impedindo de entrar
agora? Onde vocês estavam quando tudo isso aconteceu?”, gritou uma mulher que
buscava um familiar. Algumas pessoas pareciam em estado de choque. Outras
choravam abertamente e algumas mulheres estavam em prantos.
Um homem de meia-idade que acabava
de sair do necrotério depois de ver seu irmão morto chorava com o rosto entre
as mãos. Ele xingou as forças de segurança, aos gritos, enquanto a família
tentava acalmá-lo.
Horas depois do ataque, Kerols
Paheg e outros jovens cristãos coptas já estavam cavando túmulos no subsolo da
devastada igreja de São Jorge da cidade do norte do Delta do Nilo, onde a
primeira das bombas explodiu e matou 27 pessoas e feriu cerca de 80.
Ele mostrou fotos da barbárie em
seu celular: restos humanos, sangue e vidro estilhaçado espalhados pelo chão da
igreja em um dos dias mais sagrados do calendário cristão. “Hoje deveria ser um
dia de festividades”, disse.
De agora em diante, os próprios
cristãos terão que proteger suas igrejas, ao invés de contar com a polícia,
“porque o que está acontecendo é demais. É inaceitável”, disse.
Horas depois da detonação em
Tanta, a segunda bomba explodiu na entrada da igreja de São Marcos, em
Alexandria, a sede histórica do papa copta, e matou 17 pessoas, entre eles três
policiais, e deixou 48 feridos.
Foram 44 mortos nos ataques
ocorridos durante o Domingo de Ramos, ocasião festiva que antecede em uma
semana o Domingo de Páscoa, quando os cristãos comemoram a entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém. Os ataques acontecem 20 dias antes da visita do papa
Francisco ao Egito, marcada para os próximos dias 28 e 29 de abril, a primeira
viagem do pontífice argentino ao Oriente Médio.
O grupo jihadista Estado Islâmico
(EI) assumiu a autoria dos ataques e disse que foram perpetrados por dois
suicidas. O presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, anunciou o estado de
emergência em todo o país e ordenou o envio de unidades especiais do Exército
em torno das “instalações vitais” de todo o país.
Os coptas representam cerca de 10
por cento dos 92 milhões de habitantes do Egito, a maior minoria cristã do
Oriente Médio. Mas apesar de uma presença que data dos tempos romanos, a
comunidade se sente cada vez mais rejeitada e já foi alvo de vários ataques,
inclusive do Estado Islâmico, que assumiu a autoria das explosões de domingo e
alertou para mais ataques.
(com Reuters)
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