Em
depoimento no mês passado, a diretora comercial da H.Stern,
Maria Luiza
Trotta, contou que Cabral chegou a ser atendido no
Palácio Guanabara, quando ele ainda era
governador do Rio.
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RIO - O alto escalão da H.Stern fechou
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal relativo às
investigações do esquema de corrupção que seria liderado pelo ex-governador do
Rio Sérgio Cabral (PMDB).
O presidente da joalheria, Roberto
Stern, o vice-presidente, Ronaldo Stern, o diretor financeiro, Oscar Luiz
Goldemberg, e a diretora comercial, Maria Luiza Trotta, concordaram em pagar
multas que somam R$ 18,9 milhões. Também se comprometerem a prestar serviços à
comunidade e emitir notas fiscais das compras feitas por Cabral e pela
ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.
As conclusões que surgirem do
acordo vão servir como base para uma nova denúncia contra Cabral. O foco nesse
caso será lavagem de dinheiro com a compra de joias. Cabral e sua mulher
compraram cerca de 40 peças da H.Stern, num total de R$ 6,3 milhões. A multa é
equivalente a três vezes esse valor.
Os dois herdeiros da rede de
joalherias pagarão as maiores penalidades, de R$ 8,95 milhões cada uma. Já os
diretores terão que pagar R$ 500 mil cada um. O formato da prestação de
serviços ainda está em discussão, mas uma das possibilidades é que ofereçam
cursos profissionalizantes dentro da H.Stern durante dois anos.
Emissão. Uma fonte
informou à reportagem que as peças vendidas ao casal pela H.Stern sem notas
fiscais já foram regularizadas – nem todas as compras foram sem a emissão dos
recibos. Além disso, a joalheira terá de emitir notas fiscais de todas as
vendas feitas a outros clientes com valores em dinheiro acima de R$ 30 mil.
Como consequência, a empresa também terá de recolher os tributos referentes a
essas vendas.
Caso se descubra posteriormente
que a H.Stern deixou de emitir alguma dessas notas, o acordo será invalidado.
Presente. Entre as
peças compradas pelo casal, está um brinco de ouro 18 quilates com brilhante solitário,
que custou R$ 1,8 milhão. Há ainda um anel de ouro amarelo com brilhante
solitário de R$ 1,1 milhão. Também foram feitas compras em valores menores,
abaixo de R$ 1 mil. Nesse caso, as joias eram dadas como presente, segundo as
investigações.
Em depoimento no mês passado, a
diretora comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, contou que Cabral chegou a
ser atendido no Palácio Guanabara, quando ele ainda era governador do Rio.
Segundo as investigações do MPF e
da Polícia Federal, o grupo de Cabral teria desviado recursos em propinas
cobradas de diversas empreiteiras contratadas para obras públicas do Estado,
incluindo projetos financiados pela União, como a reforma do Estádio do
Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e o PAC das Favelas.
Cabral e Adriana, ambos réus da
Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato, são suspeitos de comprarem
joias para fazer a lavagem de dinheiro do esquema de corrupção.
Defesas. Procurada
pelo Estado, a empresa não quis comentar. A defesa de Adriana nega
que a ex-primeira-dama tenha cometido os crimes e diz que ela só fez a compra
de joias com nota fiscal. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de
Cabral.
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