O advogado do goleiro
Bruno Fernandes, Lúcio Adolfo da Silva, classificou como “absurda” e
“hipócrita” a decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de
mandar o seu cliente de volta para a cadeia. Ele se queixou de que os ministros
foram influenciados pela opinião pública e analisaram o mérito do
caso, enquanto que o que estava em discussão era o tempo prolongado
da prisão preventiva de Bruno (cerca de sete anos).
“Nós não estamos discutindo se o
crime foi grave ou não, mas o atraso do processo. Juiz que deixa processo
demorar não pode culpar advogado pela demora. Isso traz uma insegurança
jurídica. Você solta ele para depois prender de novo. Como pode se falar em
risco à ordem pública, se em dois meses solto ele está trabalhando
e não fez nada”, disse Lúcio Adolfo. Condenado a 22 anos e três
meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação do
cadáver de Eliza Samudio, Bruno ficou preso preventivamente durante
seis anos e sete meses.
Quase ao mesmo tempo em que a 1ª
Turma do STF restabelecia por 3 votos a 1 a preventiva de Bruno, a 2ª
Turma decidia revogar a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, do
lobista Fernando Moura, e do ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu — os três
condenados na Operação Lava Jato. “Isso é hipocrisia. Quero ver se o
[procurador-geral da República, Rodrigo] Janot vai recorrer dessas decisões”,
disse ele. Janot pediu ao STF o retorno de Bruno à cadeia, afirmando que a
própria defesa havia contribuído para o prolongamento do caso.
O advogado também viu como um
“movimento estranho” o fato de o habeas corpus do jogador ter
caído nas mãos do ministro recém-chegado Alexandre de Moraes,
fazendo um paralelo com o processo da Lava Jato que tramita na Corte. Os
dois casos eram relatados pelo ministro Teori Zavascki, que
morreu em um desastre aéreo em janeiro deste ano, mas só o de Bruno foi
assumido por Moraes, como prevê o regimento interno da Corte. Isso porque a
presidente do STF, Cármen Lúcia, decidiu sortear a relatoria da Lava
Jato entre os membros da 2ª Turma — o escolhido foi Edson Fachin —, antes de a
Presidência da República nomear o substituto de Teori.
Ao votar pela prisão do jogador,
Moraes afirmou não haver excesso de prazo por parte do Judiciário, citou
trechos da sentença do Tribunal do Júri que descreveu Bruno como uma
“pessoa fria, violenta e dissimulada” e lamentou a taxa de incidência de
feminicídio no país. “Sua personalidade é desvirtuada e foge dos padrões
mínimos de normalidade”, escreveu o ministro, dando ênfase à periculosidade do
condenado. Os ministros Luiz Fux e Rosa Weber seguiram o seu voto.
O único a votar contra a prisão foi
o ministro Marco Aurélio Mello, que, enquanto a vaga de Teori
continuava vaga, concedeu uma liminar para liberar Bruno, em fevereiro.
“Não podemos julgar pelo clamor social”, afirmou ele, completando que a
sociedade quer “vísceras e sangue e não o devido processo legal”.
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