Veículos da
Polícia Federal são vistos em frente sede
em Curitiba - 17/03/2017 (Vagner
Rosário/VEJA.com)
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Cinco dos sete conselheiros do TCE
foram presos temporariamente na Operação O Quinto de Ouro, o que faz o tribunal
não ter quórum para sessões
Com a prisão temporária de cinco
conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) nesta
quarta-feira devido a deflagração da Operação O Quinto do Ouro, da
Polícia Federal (PF), a Associação Nacional dos Ministros e
Conselheiros-Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon) avalia adotar
medidas judiciais para garantir a atuação dos conselheiros substitutos na corte
de contas fluminense.
Cada tribunal de contas estadual
tem uma regra sobre o número de conselheiros substitutos. No caso do Rio, são
três substitutos. Atualmente, a corte de contas tem uma regra que permite
apenas um conselheiro substituto assumir o cargo de conselheiro.
A entidade aguarda definição da
presidência do TCE na sessão da próxima terça-feira, dia 4 de abril, para
decidir se serão ocupados os cargos vagos. Com isso, na prática, enquanto os
cinco conselheiros permanecerem presos, a corte de contas ficará travada. As prisões
temporárias têm prazo de cinco dias, podendo ser prorrogadas por mais
cinco dias ou até mesmo convertidas em prisão preventiva.
A sessão prevista para esta
quarta, por exemplo, foi suspensa por falta de quórum – lei complementar prevê
número mínimo de quatro conselheiros para a realização da sessão.
O Quinto do Ouro
Na manhã desta quarta-feira, a PF
foi às ruas cumprir mais de 43 mandados no Rio de Janeiro e nas cidades de
Duque de Caxias e São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Cinco dos
sete conselheiros do TCE foram alvos de prisão temporária – são eles:
Aloysio Neves, presidente do TCE; Domingos Brazão, vice-presidente; José
Maurício Nolasco; José Gomes Graciosa e Marco Antônio Alencar. O sexto
conselheiro é Jonas Lopes que, devido ao acordo de delação, não é alvo de
mandado de prisão. A conselheira Mariana Montebello é a única integrante do
tribunal que não está entre os alvos da operação.
Segundo a PF, os alvos da
operação são investigados por fazerem parte de um esquema de pagamentos de
vantagens indevidas que pode ter desviado valores de contratos com órgãos
públicos para agentes do Estado, em especial membros do Tribunal de Contas do
Rio e da Assembleia Legislativa. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio
(Alerj), Jorge Picciani (PMDB), foi conduzido
coercitivamente e prestou depoimento por cerce de três horas.
Concurso
Diferentemente dos conselheiros,
que são nomeados por indicação política, os substitutos são concursados. Eles
têm suas atribuições previstas na Constituição, que inclui não apenas
substituir os conselheiros como também julgar os processos nas cortes estaduais,
tal qual seus pares indicados politicamente.
Na prática, porém, a situação dos
“conselheiros concursados” nos tribunais estaduais é considerada mais precária
do que a dos conselheiros, e a categoria reivindica há anos uma distribuição
igualitária de processos e uma melhor infraestrutura para atuar.
Em nota divulgada nesta quarta, o
presidente da Audicon, Marcos Bemquerer, afirmou que a entidade defende as
apurações envolvendo os integrantes do TCE-RJ e reitera a importância dos
substitutos. Apesar de a carreira ser prevista desde 1988, o próprio TCE-RJ só
fez concurso público para os cargos de conselheiros substitutos no ano passado.
Antes disso, em 2012, a Audicon
entrou com duas ações no Tribunal de Justiça do Rio para que fosse nomeado um
conselheiro substituto em vez de Domingos Brazão, atual vice-presidente do TCE
e que foi detido temporariamente nesta quarta.
Na ocasião, o pedido foi negado e
Domingos Brazão, que não tem curso superior, assumiu o cargo. Para fazer o
concurso para conselheiro substituto é preciso ter formação em um dos seguintes
cursos: Direito, Economia, Ciências Contábeis ou Ciências Sociais.
Conselho Nacional
Enquanto os “conselheiros
concursados” reivindicam suas demandas, o presidente da Associação dos Membros
dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Valdecir Pascoal, defendeu ontem a
criação de um Conselho Nacional para os Tribunais de Contas.
A entidade defende a criação do
órgão por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
“Esse conselho teria a responsabilidade de zelar pela Constituição. Hoje, é
difícil para a Corregedoria dos Tribunais de Contas fazer esse trabalho, em
função da proximidade dos membros com o Poder Executivo”, afirmou.
Pascoal classificou como
“gravíssima” a situação do TCE e afirmou que é preciso aprimorar a seleção de
conselheiros desses tribunais nos Estados.
(Com Estadão Conteúdo)
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