Este caso é
o primeiro registro científico de uma rã fluorescente
(Foto: C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)
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'Este caso é o primeiro registro
científico de uma rã fluorescente. Não há relatos precedentes sobre isto, e
também sobre estas moléculas que podem ser fluorescentes', declarou Carlos
Taboada.
Pesquisadores de Brasil e Argentina
identificaram fluorescência em uma rã arborícola encontrada na América do Sul,
informou na quinta-feira (16) à AFP um dos autores do estudo.
"Este caso é o primeiro
registro científico de uma rã fluorescente. Não há relatos precedentes sobre
isto, e também sobre estas moléculas que podem ser fluorescentes",
declarou Carlos Taboada, um dos pesquisadores.
Em um laboratório do Museu Argentino
de Ciências Naturais de Comodoro Rivadavia (MACN), em Buenos Aires, Taboada
explicou à AFP o alcance do trabalho do qual participou.
Taboada trabalha na equipe liderada
pelo argentino Julián Faivovich, principal pesquisador do MACN e do Conselho
Nacional de Ciência e Técnica (Conicet), cuja descoberta foi recentemente
publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Além dos argentinos, participaram da
pesquisa os brasileiros Andrés Brunetti e Fausto Carnevale, ambos da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Segundo Faivovich, a descoberta
"modifica radicalmente o que se conhece sobre a fluorescência em ambientes
terrestres, permitiu encontrar novos compostos fluorescentes que podem ter
aplicações científicas ou tecnológicas, e gera novas perguntas sobre a
comunicação visual entre anfíbios".
Integrante do departamento de
Biodiversidade e Biologia Experimental da Faculdade de Ciências Exatas e
Naturais da Universidade de Buenos Aires, o pesquisador explica que a origem da
fluorescência se deve a "uma combinação da emissão (de compostos) das
glândulas da pele e da linfa, que é filtrada pelas células pigmentares também
da pele, que nesta espécie é translúcida".
Surpresa no laboratório
Há seis
anos, a equipe tentava explicar a origem metabólica
dos
pigmentos em rãs quando encontraram a fluorescência
(Foto:
C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)
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Há seis anos, a equipe tentava
explicar a origem metabólica dos pigmentos em rãs quando encontraram a
fluorescência, revelou Taboada em entrevista no laboratório biológico.
"Descobrimos um fenômeno
fotobiológico, por assim dizer (...). Quando fomos olhar os animais que estavam
em cativeiro e detectamos esta fluorescência tão intensa ficamos emocionados.
Foi bastante desconcertante".
A espécie na qual o fenômeno foi
identificado é a "Hypsiboas punctatus", uma rã arborícola que vive na
América do Sul e cujas propriedades óticas eram desconhecidas até o momento.
"Esperamos para divulgar a
descoberta até termos certeza de que o fenômeno não era consequência do
cativeiro. Detectamos as propriedades em todos os exemplares que
estudamos".
Taboada estimou que é muito possível
que esta fluorescência se manifeste também em outras espécies que apresentam
propriedades de pele muito semelhantes à "Hypsiboas punctatus".
Questão metabólica
O fenômeno da fluorescência
significa que "as moléculas absorvem luz de uma determinada longitude de
onda, se excitam e reemitem a luz de outra cor de menor energia, que neste caso
é o verde-celeste", revelou o pesquisador.
"Não parecia ser uma anomalia
ou qualquer doença, mas claramente uma questão metabólica e fisiológica
presente na espécie".
María Lagorio, pesquisadora
independente especialista em fluorescência, foi convocada para a equipe após a
descoberta.
"A fluorescência em organismos
naturais é muito comum em espécies aquáticas, e mais ou menos usual em alguns
insetos, mas nunca havia sido reportada cientificamente em anfíbios".
Neste sentido, é "uma
descoberta inédita e tem a relevância de ser quantitativamente
importante".
Por France Presse
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