© André
Dusek/Estadão O procurador-geral
da
República, Rodrigo Janot
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Mesmo diante da expectativa de o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar nesta segunda-feira, 13,
ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista com 80 pedidos de investigação contra
ministros e parlamentares com base nas delações da Odebrecht, o presidente
Michel Temer vai tentar manter o clima de normalidade e focar em agendas
positivas para desviar a atenção do assunto. No Congresso, porém, a avaliação é
de que as revelações deverão afetar a agenda de votação tanto na Câmara como no
Senado.
Para parlamentares, o ritmo das
votações vai depender do impacto da nova lista no mundo político. No Senado, os
pedidos de abertura de inquérito podem atingir nomes importantes do PMDB e do
PSDB e inviabilizar a votação da segunda etapa da repatriação de recursos de
brasileiros depositados ilegalmente no exterior, considerada prioritária para
os Estados em crise.
Também citado por executivos da
Odebrecht, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou uma reunião
de líderes para esta terça-feira, 14, para definir o comando das comissões
permanentes da Casa, mas abandonou a ideia de colocar em votação nesta semana o
projeto sobre terceirização, considerado polêmico pela oposição.
“O Congresso vai precisar mostrar
maturidade para separar as agendas econômica e política”, disse o líder do DEM
na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). Há, no entanto, quem defenda que deixar
o plenário esvaziado, sem votações, é pior, porque torna a Lava Jato a única
pauta da semana.
No Planalto, para mostrar que o
governo não está paralisado diante da nova lista de Janot, Temer convocou uma
reunião para esta segunda-feira, às 9h30, para discutir segurança pública e
combate ao crime organizado. A agenda presidencial prevê ainda uma viagem no
fim da semana para inaugurar uma obra contra enchentes na região do Vale
Itajaí, em Santa Catarina.
Além de deputados e senadores,
pelo menos dois ministros da cúpula do Palácio do Planalto devem estar na nova
lista de Janot: o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que volta ao trabalho
hoje após um período de licença médica, e o ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Moreira Franco. Interlocutores do presidente dizem, porém, ter
convicção de que Temer, pessoalmente, não será atingido pelas delações.
O discurso oficial de auxiliares
do presidente é que, para o governo, o ideal seria que o conteúdo das delações
fossem divulgadas de uma vez, para que o Planalto não fosse atingido, a cada
semana, com novos fatos.
Os pedidos encaminhados por Janot
serão analisados pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Apenas se Fachin autorizar a derrubada do sigilo das delações é que o conteúdo
se tornará público.
Supremo
Entre os ministros do Supremo, o
discurso é que a chegada da “megadelação” não vai alterar a rotina da Corte. O
número especulado de políticos citados, de cerca de 200, não impressiona o
ministro Celso de Mello. “Todos os julgamentos que chegam ao Supremo são
importantes e relevantes”, disse. Segundo o ministro Gilmar Mendes, os novos
pedidos de abertura de inquéritos não vão paralisar os trabalhos do Supremo. Perguntados
sobre se são a favor ou contra o fim do sigilo das delações, os ministros não
opinaram. “Isso está confiado ao relator”, afirmou Mendes.
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